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Bolsa Família mata a fome, mas pobre com luz aprende a ver o mundo como ele é

Há quem diga que o Bolsa Família é o maior programa de distribuição de renda do mundo. E não é mentira. É, de fato, um marco na política social brasileira, responsável por tirar milhões da linha da pobreza e colocar comida na mesa de quem mais precisa. Mas, na minha modesta opinião, o programa social mais revolucionário lançado nos últimos anos foi o Luz para Todos.

Lançado em 2003, no primeiro governo Lula, e relançado em 2023, o Luz para Todos tem um objetivo simples e poderoso: levar energia elétrica aos domicílios que ainda vivem na escuridão, especialmente nas áreas rurais e remotas do país. E, se isso parece pouco, é só porque, muitas vezes, quem julga nunca teve que viver sem.

Digo que é revolucionário porque a energia elétrica é a porta de entrada para quase tudo. Uma criança que estuda à luz de velas enfrenta muito mais obstáculos do que aquela que pode acender uma lâmpada. Uma família que precisa vender produtos caseiros tem infinitamente mais chances se puder usar uma geladeira, uma batedeira, um freezer. Com energia, chega também a possibilidade de se conectar com o mundo pela TV, pelo rádio, pelo celular carregado.

Mas talvez o mais bonito do Luz para Todos seja aquilo que ele rompe: o isolamento. Não apenas o geográfico, mas o simbólico. A energia elétrica é o que liga essas famílias ao restante do país. É o que diz: vocês existem, vocês importam, vocês fazem parte disso aqui.

E há também o lado mais cotidiano, mais humano, mais prosaico. A geladeira pra guardar a carne do almoço, a televisão pra ver novela ou jogo de futebol, o ventilador pra enfrentar o calor escaldante de algumas regiões do Brasil. Certa vez, conheci uma mulher que, já com mais de cinquenta anos, tomou banho quente pela primeira vez num chuveiro elétrico, instalado graças ao Luz para Todos. Ela me disse que não imaginava que água quente podia acalmar o corpo daquele jeito. Eu fiquei com os olhos marejados.

É por isso que, pra mim, o Luz para Todos é mais do que um programa social. É um símbolo de dignidade. É sobre dar às pessoas o direito de viver com o mínimo de conforto, de sonhar com um futuro melhor, de fazer parte de um Brasil que, aos poucos, vai se iluminando; não só com fios e postes, mas com justiça e inclusão.

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