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Brasília vira terra de pinguim e saída é pegar casaco cheirando a naftalina

Brasília, minha Suíça brasileira, entrou oficialmente na sua fase Frozen. As temperaturas despencaram assustadoramente para a casa dos 15 graus. QUINZE. O drama começou.

É só o termômetro piscar ali nos 18 que o brasiliense já entra em modo pânico:

— “Amor, cadê aquele casaco de lã da viagem pra Campos do Jordão em 2012?”

— “Tira a bota da caixa!”

— “Liga o forno, só pra esquentar a casa!”

As lojas de departamento estão em festa: vendendo sobretudo como se fôssemos enfrentar uma nevasca. Teve até amigo meu que mandou fazer fondue em casa, com direito a vinho, velas e playlist de Jazz. Só faltou mesmo nevar na Asa Norte.

O whatsApp do condomínio já virou ponto de emergência:

“Boa noite, vizinhos. Se alguém precisar de cobertor, temos alguns sobrando.”

Tá quase virando campanha humanitária: “Apoie um brasiliense nesse inverno rigoroso de 15 graus”.

Sem falar nas legendas dramáticas de Instagram:

“Sobrevivendo ao frio de Brasília”

“Não lembro mais o que é sentir calor”

Dentro de casa, a sensação térmica é de Siberia nível hard, porque casa brasiliense não foi feita pra frio. É tudo piso gelado, parede fina, sem aquecedor, sem lareira, sem absolutamente nada. E quando o vento resolve passar, a gente ouve ele assobiando dentro de casa como se dissesse:

“Pois é, trouxa, agora aguenta.”

E claro, sempre tem o metido a forte:

— “Ah, mas isso não é frio, frio mesmo é no Sul.”

Sim, amigo. Mas quem tá aqui sou eu, congelando o bumbum na cerâmica fria do banheiro às seis da manhã.

Enfim, seguimos aqui enfrentando o inverno polar candango. Esse sofrimento que dura 10, 15 dias, mas rende assunto o ano inteiro.

Agora com licença que vou ali colocar minha terceira blusa, meia grossa e fazer um chá, porque a friagem tá braba e eu não sou obrigada.

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