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Brasiliense dá a Ibaneis voto de confiança, esperança e renovação

Foto: Renato Alves/Divulgação

O patrimônio do próximo Governador do DF, declarado em R$ 93 milhões, foi bastante notado, admirado ou discutido na campanha. Mas o título não se resume ao fruto de anos de advocacia de Ibaneis Rocha. Ele destaca o número recorde de votos que o candidato do MDB recebeu no segundo turno da eleição: 1.042.574.

Pela primeira vez na história, o próximo ocupante do Buriti terá sido sufragado por mais de um milhão de brasilienses. Um marco que traz um voto de confiança, de esperança e de renovação.

Ibaneis conseguiu um fato raro no mapa de votação de um Governador: atraiu tanto o morador do Lago Sul quanto o de Santa Maria. Com destaque nas regiões que mais dependem dos serviços públicos. No Recanto das Emas (84%), em Santa Maria (82%), no Gama (81%) ou em Ceilândia Norte (80%), Ibaneis teve respaldo avassalador.

Suas declarações de que “Governo é para pobre, rico não precisa” certamente foram ouvidas. Mas isso não explica os 67% obtidos no Lago Sul. Na região apelida de mais nobre, é o discurso do empoderamento do setor privado que mexeu com o eleitor.

Rodrigo Rollemberg não ficará no Buriti, honra que só coube, na história, a um reeleito Joaquim Roriz. Mas não sai completamente derrotado. Manteve o encanto nas Asas Norte (61%) e Sul (60%), e conseguiu curta vitória no Cruzeiro (50,7 % contra 49,3 %).

Além destas vitórias anedóticas, o resultado final traz outro alento: a votação do Governador mais que dobrou entre os dois turnos. O empecilho para pensar mais alto foi a rejeição, que Rollemberg não conseguiu reduzir significativamente. Culpa de um discurso e de motes de campanha batidos, que já tinham selado o sumiço de Agnelo.

Rollemberg e sua equipe sempre acreditaram não só na presença no segundo turno, como na vitória final. A primeira metade do desafio foi cumprida. A bancada distrital ficou mais reduzida que o esperado, com só dois integrantes. Mas o próprio vento de renovação que soprou na assembleia local amenizou a decepção. A aposta em Marcos Dantas para a Câmara dos Deputados também não deu certo, mas mandar Leila do Vôlei para o Senado trouxe um bálsamo.

O grão de areia mesmo era o adversário neste segundo turno. O outsider. O forasteiro do meio político. Difícil jogar nas costas de alguém que nunca esteve em Executivo nenhum os pecados do passado. Rollemberg tentou associar Ibaneis ao Presidente do MDB-DF, mas a associação era bumerangue: em 2010 o socialista se elegeu Senador na chapa Agnelo/Filippelli.

Nos últimos dias, houve tentativas de “tudo ou nada”, com ou sem participação direta do atual Governador, mas o futuro cortou as asinhas das fake newss antes da baixaria ficar irreversível.

A eleição passou, o derrotado ligou e cumprimentou o vencedor. A normalidade democrática segue. Não se sabe se Ibaneis confirmou o convite para eventuais inaugurações de obras começadas no governo precedente. As obras da saída norte, de importância vital para dezenas de milhares de pessoas diariamente, não podem parar. Elas foram iniciadas ainda por Agnelo, mas agora se encontram perto do fim. A alternância política busca melhorar, não empacar.

A situação do viaduto caído na área central há quase nove meses é mais incerta. Este parto difícil corre contra a relógio: Ibaneis já declarou que se receber a obra não terminada, mandará implodir para construir um viaduto completo e novinho.

O “estilo” Ibaneis é uma incógnita no meio político. Sua atuação quando Presidente da secional da OAB no DF pode dar pistas: independente, de decisões rápidas e de apreço ao círculo próximo e de confiança. Ser filiado ao MDB, por exemplo, não bastará para integrar o comando do próximo governo. Por outro lado, ligação antiga garantirá posto-chave. Mesmo se o designado tiver servido a outros mestres.

O Secretário anunciado por Ibaneis, André Clemente, é um bom exemplo. Auditor de carreira, integrou todos os governos do DF de José Roberto Arruda a Agnelo. Volta na chefia da Secretaria de Fazenda. Com vários desafios pelo frente. Um deles sendo listar as muitas (algumas custosas) promessas do futuro Governador, e ver quando, e sobretudo se elas poderão ser cumpridas. Mais de um milhão de brasilienses aguardam por isso.

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