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Buriti tenta colocar pressão nos distritais requentando dossiês

O clima de uma aparente paz entre o Palácio do Buriti e a Câmara Legislativa, construído ao longo dos últimos 10 dias, acaba de ser empurrado para áreas áridas do cerrado brasiliense. A nova tormenta surge em meio a informações reservadas de que o Governo de Brasília estaria elaborando dossiês contra alguns parlamentares.

Os documentos, trancados a sete chaves, seriam uma contraofensiva da equipe de Rodrigo Rollemberg no momento em que recrudesce a disposição de se instalar ao fim do recesso do Legislativo, uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar os áudios gravados no gabinete do governador.

– Rollemberg está brincando com fogo. O momento exige serenidade e o recesso parlamentar é um antídoto para muito veneno. Mas se ele quer conturbar o clima político, saberemos reagir à altura, confidenciou um assessor da Mesa Diretora que transita com desenvoltura em todos os gabinetes do Legislativo.

Informado sobre trechos dos dossiês e os principais alvos do Buriti, esse assessor, que prefere manter o anonimato, revelou que as denúncias são requentadas e que não vão abalar os deputados supostamente envolvidos. “O Buriti está mais para ‘lavanderia’ do que para padaria; sequer sabem requentar pão mofado”, acusou.

Não se sabe até onde vai a responsabilidade de Rollemberg sobre os dossiês. Não se pode sequer imaginar que a iniciativa tenha partido dele. Mas é certo que ao menos dois experientes policiais, e um profissional especializado em administrar crises, estão por trás dos documentos. Os três são remanescentes da equipe de Hélio Doyle, ex-chefe da Casa Civil. Hélio costuma atacar os deputados por meio de notas nas redes sociais.

As informações que chegaram a Notibras envolvem os deputados Robério Negreiros e Rafael Prudente (PMDB); Liliane Roriz (PRTB); Joe Vale (PSB); Agaciel Maia (PTC); e até a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT).

Veja a seguir ‘quem é quem’, segundo informações sigilosas transmitidas a Notibras:

Robério – É acusado pelo Palácio do Buriti de ter aumentado substancialmente o faturamento das empresas da família. Desde que foi eleito deputado distrital, as faturas saltaram de 8 milhões para mais de 100 milhões de reais.

Rafael – A princípio não há nada contra o parlamentar. Mas os ‘investigadores’ palacianos associam o pai, ex-deputado Leonardo Prudente, a negócios suspeitos envolvendo o próprio governo. O faturamento na área de segurança daria para sustentar um exército paralelo.

Joe – Apesar de ser aliado (e do próprio partido) de Rollemberg, o deputado é alvo da máquina de dossiês. Ele é apontado como ‘facilitador’ de acordos com Organizações não Governamentais. Também é suspeito de se beneficiar de contratos para o fornecimento de produtos que atendem programas assistenciais do Buriti.

Agaciel – Os atos secretos voltam a assustar o presidente da Comissão de Economia e Finanças da Câmara Legislativa. Trecho do dossiê diz ser fácil condenar o deputado em segunda instância no processo que corre no Tribunal de Justiça. Ele também é acusado de estar por trás de uma suposta máfia de grilagem.

Liliane – Os ‘consultores’ em informação do Palácio do Buriti entendem que está mal contada a versão da vice-presidente da Câmara, sobre a velha história de aluguel fantasma de carros, para os quais se pagava cinco mil reais por mês.

Celina – O dossiê sobre Celina faz referência à época em que a hoje presidente da Câmara Legislativa assessorava a ex-deputada Jaqueline Roriz. Há indícios de que ela tenha usado da sua influência para ajudar um cunhado em negócios com o governo. Atualmente, segundo os ‘pais’ do dossiê, a deputada tem feito operações suspeitas por meio de um irmão dela.

José Seabra

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