Recebi a notícia da suspensão de Glauber por seis meses com um misto de sentimentos. É injusto, profundamente injusto. Mas, diante do que se desenhava, pelo menos não foi cassado. Há um alívio amargo aí. A diferença de tratamento é tão gritante que chega a doer. Porque, enquanto Glauber é punido de forma desproporcional, Carla Zambelli, essa sim, merecedora de cassação imediata, continua livre, leve e solta no plenário, como se nada tivesse acontecido.
E ainda tem quem diga que não há provas suficientes para cassá-la. Como assim? Existe vídeo, não suposição: vídeo dela correndo atrás de uma pessoa em plena rua, arma na mão, disparando pânico e irresponsabilidade. Isso sem mencionar a falsificação de um mandado de prisão, um dos episódios mais escandalosos da política recente. Para alguns, parece que crime é só quando convém. E, quando não convém, fecham-se os olhos, finge-se que nada aconteceu.
O que me revolta é perceber que esse Congresso não tem o menor compromisso com a moralidade pública. Fazem discursos pomposos sobre ética e democracia, mas, na hora de agir, mostram exatamente o contrário: protegem aliados, punem desafetos, distorcem regras, manipulam processos. A Câmara dos Deputados virou um laboratório de hipocrisia institucional.
E, dentro desse cenário deprimente, a figura de Hugo Motta se destaca de forma negativa. Seu comportamento é incompatível com a responsabilidade que o cargo exige. Ele deveria entregar a presidência da Casa sem pestanejar. Mas não vai. Porque, para muitos ali, o poder virou fim em si mesmo e não instrumento de serviço público.
No fundo, a suspensão de Glauber e a não cassação de Zambelli dizem mais sobre o Congresso do que sobre eles próprios. É o retrato de uma instituição que perdeu o rumo, perdeu a vergonha e insiste em fingir que está tudo normal. Mas não está. E nós sabemos disso.
Nossa sorte é que o STF está aí pra fazer cumprir a Constituição.
