Talvez você não saiba quem sou,
e eu também não decifro quem habita teu silêncio.
Mas se não me revelas, eu te imagino
feito sombra que dança na luz do entardecer,
feito voz que ecoa entre as folhas do tempo.
Sou viajante de sonhos sem mapa,
mulher que caminha com os pés na terra e o olhar no céu,
sem buscar ouro ou aplausos,
apenas um abrigo onde a alma possa repousar.
Tropecei em ti como quem encontra
um campo fértil para semear jardins invisíveis,
flores sem cor, medos sem nome,
mas com raízes sinceras.
Recomeçar é como escrever com tinta de vento,
poemas que se desfazem antes do ponto final.
Você se perde em olhares que não se encaixam,
como borboletas sem direção,
asas sem pena, voos sem consolo.
Talvez neste caminho,
eu aprenda o contorno do teu mundo
e te ensine o desenho do meu.
Talvez não sejamos destino,
mas sejamos travessia
como lírios que marcham em silêncio,
em procissão de almas que se reconhecem.
Errar é humano, sim,
mas corrigir é divino,
e não é preciso ser sábio para tentar.
Não somos iguais
e nisso reside a beleza.
Alguns se aproximam apenas para tocar o instante,
sem medo de desaparecer depois.
Conte comigo,
porque estendo minha mão como quem oferece um verso,
e minhas palavras são feitas de poesia e pétalas,
quando escrevo, é para que Deus escute
a voz que mora em mim.
Se há pecado, há também perdão.
E se teu coração não vê o horizonte,
rema comigo
até que a luz se revele no reflexo da água.