1.
Naquela noite as sete vidas cruzaram e ninguém foi feliz jamais.
Trovaram as coisas da vida e tentaram reescrever outras histórias.
Foram voando pela vida afora e e chegaram no breu do limite.
“E agora, o que fazer?”
2.
Depois da dúvida, eles buscaram razão para seguir.
Nada.
E nada.
E nada.
Nenhum um breu que sairia dos olhos deles e ficaram assim meio cegos e frouxos.
Mas, um santo interno lhes deu uma luz.
3.
Olharam pro lado e viram uma criança.
A criança bagunçando tudo e quebrando os brinquedos, as plantas da varanda da casa.
O pai gritou:
“Nãooooo…não faz isso, moleque!”
Nada.
O carinho quebrou tudo.
O cara não entendeu a loucura/liberdade do menino.
Não entendeu nada.
4.
Anos depois, o cara lembrou-se daquela passagem e percebeu:
“Eu fui um imbecíl. Como não saquei que o menino apenas queria brincar.”
Pois então, seguiu tentando brincar.
Levou o menino para sempre com ele e chegou aos 90 de idade andando e enxergando bem: brincando, brincando com tudo com carinho e liberdade.
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Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador que carrega aquele menino dentro do poço d’alma e espera um dia chegar aos 90. Vive na Guarda do Embaú, vila de pescadores e turistas no litoral de SC.
