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Carolina Maria de Jesus, a voz das favelas

Quem nunca leu ou ao menos ouviu falar de “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, a obra literária que apresentou ao mundo a escritora Carolina Maria de Jesus? Pois é essa mineira de Sacramento, nascida no dia 14 de março de 1914, a retratada de hoje em O Lado B da Literatura.

Carolina Maria, cuja família era muito pobre, estudou pouco. Era filha ilegítima de um homem casado e, segundo consta em sua biografia, foi muito maltratada durante toda a infância.

Já em 1937, quando a mãe da escritora faleceu, ela foi para São Paulo, onde construiu sua casa com madeira, lata, papelão e qualquer material que encontrava. Saía todas as noites para catar papel a fim de conseguir sustentar a família.

Vivendo e vivenciando o dia a dia na favela, Carolina Maria fazia anotações sobre aquele ambiente e, em 1960, após ser descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, conseguiu publicar o seu tão aclamado livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”. Torna-se figura internacional, e seu livro foi traduzido para mais de 15 idiomas.

Também se envolveu com música e outras artes. Compôs letras de canções lançadas em um disco na década de 1960. Também criava fantasias para o carnaval. Tais atividades lhe proporcionaram melhores condições financeiras, inclusive conseguindo comprar uma casa. Mesmo assim, após a fama repentina, seus ganhos não continuaram altos e, então, ela voltou a passar dificuldade financeira e, em 1977, morreu vítima de uma crise de asma.

Uma curiosidade sobre a escritora é que ela desejava pintar a casa que comprou de vermelho, mas não o fez. O motivo? Tinha receio de ser alvo de represálias, além de a chamarem de comunista.

Carolina Maria de Jesus, negra, favelada, catadora de papelão, após mais de 40 anos da sua transição para outro plano, parece ter voltado com força total. Ela foi reconhecida com o título de doutora honoris causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2021. Sua obra permanece atual. Vida longa a essa que é uma das figuras mais incríveis da literatura nacional.

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Cassiano Condé, 82, gaúcho, deixou de teclar reportagens nas redações por onde passou. Agora finca os pés nas areias da Praia do Cassino, em Rio Grande, onde extrai pérolas que se transformam em crônicas.

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