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Centro de Saúde cria embrião de núcleo contra a obesidade

Chocolate, refrigerante e um pacote de biscoito recheado são alimentos que não faltam no dia a dia de Fernanda Rodrigues dos Santos. A garota, que tem 9anos e pesa quase 60 quilos — 15 a mais que o ideal —, sofre de obesidade infantil grave e, desde o início de março, participa de um grupo de apoio contra a doença no Centro de Saúde nº 2 do Recanto das Emas.

Para o pai de Fernanda, José Ribamar dos Santos, o tratamento exercita a troca de experiências e estimula a vida saudável. “Procuramos o serviço por orientação médica. Estávamos preocupados com problemas que existem na minha família, como pressão alta. O resultado está sendo bom.” A menina e os pais já começaram a praticar parte dos conceitos difundidos no encontro. Até seis vezes por semana, o trio sai para fazer caminhada onde mora, exercício escolhido por Fernanda.

“A grande questão nem é fazer a criança perder peso, pois está em fase de desenvolvimento e não pode fazer uma dieta com baixo número de calorias. Precisamos mudar o hábito de vida, fazer com que ela se exercite e deixe mais de lado o celular e o computador. A perda de peso será consequência”, explica a nutricionista do grupo, Raquel Rabelo, ao destacar que a iniciativa trabalha também as atitudes dos familiares, que, geralmente, são quem fazem as compras de casa, preparam as refeições, levam para passear. Mesmo não sendo o foco, o corte de alimentos gordurosos também faz parte da rotina dos participantes.

A iniciativa é dos próprios servidores da unidade. “A gente torce para que a ideia se estenda a outros centros de saúde, pois sabemos que há necessidade”, afirma o profissional de educação física da ação, Natal da Silva. Além de Raquel e Natal, três funcionários — uma pediatra, uma enfermeira, uma técnica em enfermagem — trabalham no desenvolvimento das atividades do grupo de apoio, que inclui acompanhamento médico, definição de novo plano alimentar e discussões sobre assuntos como sedentarismo.

Durante os seis meses de encontros, os envolvidos ainda participarão de oficinas que estimulam a atividade física, o controle da ansiedade e a observação dos componentes daquilo que consomem.

A primeira edição do grupo de apoio do Recanto das Emas começou em 5 de março. Divididas por idade, em quatro grupos, 60 crianças são atendidas pela iniciativa, que precisou mudar um pouco desde que abriu as inscrições, no fim de 2014. “Por conta do espaço, tivemos que diminuir o número de vagas de 25 para 15 por grupo. Como não tivemos muita procura de crianças de 2 a 5 anos, mudamos a faixa etária”, conta Natal da Silva, ao explicar que a novidade agora atende pessoas de 6 a 12 anos.

Os encontros são mensais, sempre às quintas-feiras, sendo que cada grupo reúne-se em uma quinta diferente. Os funcionários envolvidos continuam em busca de parcerias para oferecer opções de atividades físicas aos beneficiados. A previsão é que, em abril, alguns dos pacientes sejam matriculados no Centro Olímpico do Recanto das Emas.

No caso de Fernanda, desde os 51,5 quilos ela já estava caracterizada como alguém com obesidade infantil. No entanto, é preciso que os pais façam acompanhamento periódico com um pediatra para detectar o mal, pois a relação do peso com a doença varia de acordo com o sexo, a altura e a idade da criança.

Mariana Damaceno, Agência Brasília
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