Ontem alguém me disse, brincando, que a situação estava tão crítica que ele estava pensando em procurar a ajuda de um psicólogo. Eu dei risada na hora, mas depois fiquei refletindo sobre isso. Pelo menos na bolha das pessoas com quem eu convivo e interajo regularmente, percebo que tem se tornado cada vez mais normal falar sobre saúde mental, sobre adoecimento, diagnóstico psiquiátrico e remédios. Tem quem diga que estamos exagerando na patologização da vida, que agora tudo vira transtorno, que todo mundo anda muito sensível. Pode até ser que exista um pouco disso, mas eu prefiro enxergar o lado positivo da coisa.
Se antes havia tanto tabu que a maioria preferia engolir o choro e fingir que estava bem, hoje as pessoas estão mais tranquilas para dizer que não estão e que isso precisa ser cuidado. Elas falam com mais naturalidade sobre angústias e sofrimento, e esse diálogo aberto vai tirando o estigma que sempre rodeou o tema. Quando a dor emocional vira assunto possível entre amigos e familiares, também aumenta a chance de alguém se sentir à vontade para buscar ajuda profissional, tratamento e um caminho para se sentir melhor.
No fim das contas, rir da própria desgraça e depois admitir que precisa de um pouco mais do que isso para resolver o que sente me parece um avanço. Pode até parecer que todo mundo agora está em crise, mas talvez esse seja apenas o reflexo de uma sociedade que finalmente está aprendendo que chorar e pedir socorro faz parte da vida, e que isso nunca foi sinal de fraqueza.
