Ontem foi Dia dos Namorados. Corações, flores, declarações de amor. Tudo isso, confesso, eu até acho bonito. Mas hoje, passado o alvoroço, me peguei pensando em outros tipos de relacionamentos, que, sinceramente, são tão ou até mais importantes na vida de uma mulher.
A gente ainda vive num mundo onde existe, sim, uma cobrança social sutil — e, às vezes, nem tão sutil assim — para que uma mulher esteja em um relacionamento amoroso. Como se a nossa existência só fosse validada com alguém ao lado. E, de preferência, com aliança, foto na rede social e jantar romântico com fondue. Se não tem, ah… “coitada, deve estar difícil, né?” — pensam alguns, com aquele olhar meio piedoso.
Mas a verdade é que a vida de uma mulher é feita de muitos outros vínculos que transbordam afeto, cumplicidade e sentido. Tem aquela amiga que te ouve nos dias bons e nos nem tão bons — e que já virou praticamente uma terapeuta não remunerada. Tem a irmã (de sangue ou de escolha) com quem você compartilha as fofocas de família, as crises existenciais e até aquelas piadas internas que só vocês duas entendem. Tem a colega de trabalho que segura sua mão (metaforicamente ou literalmente) nas reuniões tensas e depois te manda memes pra aliviar. Tem aquela vizinha que virou confidente, a prima que é quase uma segunda mãe, a mãe que, às vezes, vira amiga.
Esses laços não pedem reserva de restaurante nem presente embalado em papel brilhante, mas enchem o coração de um jeito que nenhum buquê de rosas dá conta. São relações de cuidado, lealdade e presença genuína.
Então, com todo respeito ao amor romântico (que é lindo quando existe e faz bem), deixo aqui minha homenagem aos outros amores que nos sustentam todos os dias. E, pra quem ainda ousa achar que uma mulher solteira depois de certa idade é “fracassada”: fracassado é quem mede a felicidade dos outros com régua alheia.
