Acompanhei consternada a Câmara derrubar os vetos do chamado PL da Devastação. É um projeto que enfraquece a proteção ambiental, desmonta salvaguardas essenciais e flexibiliza licenciamento de uma forma tão irresponsável que, na prática, abre a porteira para mais desmatamento, mais destruição e mais tragédias anunciadas.
É um retrocesso gigantesco, daqueles que a gente sente fisicamente. Um retrocesso que coloca vidas, água e biodiversidade em risco para atender aos interesses imediatistas de quem lucra com a destruição, de quem vê floresta como obstáculo, rio como mercadoria e gente como dano colateral.
E o mais revoltante: tudo isso uma semana após o fim da COP30, quando o Brasil discursou para o mundo inteiro reafirmando compromisso ambiental, responsabilidade climática, preservação. Mal a tinta dos discursos secou, e o Congresso correu para fazer exatamente o contrário, como se quisesse provar que vive numa bolha impermeável à ciência, ao bom senso e ao futuro.
Eu digo sem medo de errar: esse é seguramente o pior Congresso da história. Porque não é apenas conservador, ou retrógrado, ou submisso a interesses privados. É deliberadamente destrutivo. É um Congresso que trabalha contra o país que deveria proteger.
Tenho medo do que virá.
Duas legislaturas iguais a essa, com essa combinação de ignorância, oportunismo e hostilidade ao meio ambiente, e o Brasil estará completamente destruído, não como metáfora, mas literalmente: rios mortos, florestas arrasadas, cidades vulneráveis, clima colapsado, vidas perdidas.
Fica a lição: ou mudamos o Congresso no ano que vem ou eles destroem o país.