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Comida caseira é uma grande aliada da nossa saúde

Depois de algumas semanas de férias estou de volta para, mais uma vez, falar sobre a comida de verdade, aquela feita em casa, cheia de afeto e nutrientes e sem aditivos químicos, de preferência. Essa pausa foi necessária porque eu estava finalizando o meu primeiro livro ‘Comida de Verdade – Receitas para todas as horas’.

A ideia dele é oferecer uma ferramenta de apoio para todas as pessoas que pretendem melhorar a alimentação ou que tenham alguma restrição ao glúten, ao açúcar ou ao leite de vaca, como celíacos, diabéticos, crianças pequenas, que devem evitar o açúcar, alérgicos, veganos ou pessoas que, como eu, notaram uma melhora na qualidade de vida quando diminuíram a frequência de uso desses ingredientes.

É muito difícil mudar um hábito, se for um hábito alimentar é ainda mais e se for para adotar escolhas que diferem do que a maioria está acostumada, fica quase impossível, quase. Quando eu fiz essas mudanças, há cerca de 15 anos, praticamente não havia nenhuma receita de pão sem glúten na internet, por exemplo, também era muito difícil encontrar produtos prontos. Hoje há uma grande variedade de receitas à disposição, o mercado de produtos saudáveis aumentou consideravelmente e segue em crescimento e até em restaurantes, pizzarias, padarias e lanchonetes já é possível encontrar opções alternativas às habituais.

Mas, um bom jeito de melhorar o hábito alimentar é fazer as pazes com as panelas e passar a frequentar mais a cozinha. Parece que esse esforço de começar a preparar as refeições em casa, ou até de começar a fazer isso, também está em alta. E realmente não há nada igual à boa e velha comida caseira, feita com ingredientes frescos, conhecidos, seguros e selecionados. É claro que isso vai demandar um certo tempo e um pouco de criatividade para preparar o cardápio e foi pensando nisso que criei o livro, a ideia é que ele seja um facilitador. Os pratos escolhidos tinham que ser práticos, feitos com ingredientes naturais e fáceis de encontrar, com alternativas às substâncias mais alergênicas e gostosos, como não poderiam deixar de ser.

Eu sou jornalista e foi com essa postura, quase investigativa, que voltei para a casa dos meus pais para anotar todos os detalhes das suas preparações que eu mais gosto, como o risoto de camarão do meu pai e a quiche de abobrinha da mãe. Fiz o mesmo com as minhas avós, tias, amigas. Foi do lado libanês da família que herdei as receitas de homus (pasta de grão de bico), babaganuche (pasta de berinjela defumada), tabule e quibe (o tabule e o quibe levam quinoa no lugar do trigo). Foi uma grande amiga que me passou a receita da maionese vegana (feita com tofu) que é uma das minhas preferidas.

Também passei para o papel algumas criações que fizeram sucesso em casa, como a tortilha de cogumelos, e o purê de mandioquinha com curry e leite de coco, que acompanha um peixe no papilote. Reuni ainda as receitas que testei com a minha mãe para as festas de aniversário do meu filho, bolo, brigadeiro, coxinha, esfiha, beijinho, tudo adaptado. O livro reforça a onda do ‘descasque mais e desembale menos’ e substitui muitos ingredientes processados por versões naturais.

O livro é coerente com o que escrevo. Por exemplo, eu sempre falo sobre os malefícios de se fazer dietas radicais, que cortem algum grupo alimentar da rotina, portanto entre os pratos haverá ingredientes de todos os grupos, como gorduras (boas) e carboidratos. Como eu falo sobre os benefícios das PANC, Plantas Alimentícias Não Convencionais, elas também estão lá, com as receitas de sopa de abóbora com batata e ora pro nobis e de torta de escarola com ora pro nobis. O aproveitamento integral dos alimentos, que também é tema deste blog, está representado pelo pesto de manjericão com folha de cenoura. Boa parte dos pratos é feita sem proteína de origem animal, o que coincide com os textos que já publiquei sobre a necessidade de reduzirmos o excesso de proteína animal da rotina, mas isso não exclui as receitas com carne, como o picadinho de filé mignon suíno e o ceviche, para quem, como eu, ainda os consome.

Quando falamos em pratos alternativos, adaptados, funcionais, substitutos, saudáveis, parece que eles não podem ser tão gostosos quanto os originais e que só os comemos quando não temos opção. Mas o livro também pretende desmistificar essa imagem. Os pães, tortas, quiches e bolos podem ser feitos com uma grande variedade de farinhas: farinha de aveia, de arroz, de amêndoas, de coco, de grão de bico, de trigo sarraceno; ou até com purê de batata doce, de mandioquinha; o leite de vaca das preparações, perde espaço para o leite de inhame e de coco, e o no lugar do açúcar refinado, entra o açúcar de coco. São só alguns exemplos de substitutos que não prejudicam o gosto dos alimentos, muitos vezes podem até melhorá-lo. Eles irão te ajudar a fazer pratos gostosos, baratos, rápidos, nutritivos e afetuosos. Para que a comida caseira seja sua grande aliada na busca por uma melhor qualidade de vida.

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