O homem não é o único animal que pensa. Entretanto, é o único que pensa que não é animal. Com todas as vênias e o pedido de licença espiritual ao matemático escritor francês Blaise Pascal, me apoderei da frase para tentar explicar a razão pela qual o homem é, antes de tudo, um animal. Por isso, em determinadas situações ele pode ser mais perigoso do que um animal selvagem. Esta semana, na Asa Norte de Brasília, região nobre da cidade, dois policiais civis agrediram impiedosamente um cidadão que estava acompanhado do filho de 5 anos.
Pelo que se sabe, as agressões decorreram de uma briga de trânsito. Em uma das vias da Capital da República, o pai cometeu erros incapazes de serem admitidos pelos agentes de segurança. Tudo bem que, muito mais do que o futebol de nossos tempos, o trânsito se tornou um ringue a céu aberto. Nada, porém, justifica um cidadão ou cidadã agredir, chutar e, às vezes, matar o outro ou a outra sob a alegação da perda temporária de controle.
Um motorista infrator obviamente que precisa ser punido. Agora, se um policial não consegue controlar seus nervos em uma ação pública, só lhe resta o conforto do lar ou a paz e a tranquilidade de um consultório psiquiátrico. No caso de Brasília, a situação é muito mais grave por dois motivos afins: agentes de segurança são pagos para aplicar a legislação de trânsito àqueles que a infringem e não para espancar, sem o direito de defesa, o suposto fora da lei.
Pior foi o fato de os dois policiais representarem a Delegacia da Criança e do Adolescente e, mesmo assim, fazerem vista grossa à presença do menor dentro do veículo. Como dois leões à solta, os dois policiais civis só não contavam com a reação da sociedade e com a rápida ação da vice-governadora Celina Leão, governadora em exercício. Como uma leoa a serviço do povo, Celina rugiu e, em alto e bom som, definiu o espancamento como algo “inadmissível”.
E realmente foi. Não conheço a governadora pessoalmente, mas já ouvi falar tudo a respeito de sua vida pública, menos que ela encobre malfeitos, que compactua com os que cometem abuso de poder, provocando injustiças ou causando prejuízos ao Estado ou a outrem, que não é atuante ou que prevarica. Portanto, não gostaria de estar na pele desses dois policiais que não souberam honrar a instituição. Quanto a Celina Leão, como mulher e brasiliense, torço para que seu trabalho intenso junto ao povo da cidade seja reconhecido em 2026.
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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras
