Receber de todas as flores o beijo-pétala,
Olhar nos céus os pássaros vadios,
Sorver do sol o delicado sumo e apear
De mim mesma para a imaginação.
Ser névoa leve em sonhos lúcidos,
Navegar no ar, dançar na bruma pálida,
Deixar o corpo em ânforas vazias
E o pensamento em flor, livre de fala.
Que importa o chão se o voo me sustenta?
Que importa o tempo se a alma se inventa?
Há mundos dentro, feitos de ilusão.
E quando o dia findar sua quimera,
Que eu siga em luz, serena e fugidia,
Num sopro eterno de contemplação.
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Cecilia Baumann é editora-assistente de Notibras.