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Continência ao Congresso é sinônimo de respeito

José Escarlate

Tempos depois da queda de Silvio Frota, relembrando o episódio, Humberto Barreto foi incisivo: “A linha-dura do Exército entendia que o presidente era um preposto dela. Na demissão do Frota, se as coisa não tivessem sido feitas com inteligência, o presidente teria sido deposto”, afirmou.

Na posse do general Bethlem como ministro do Exército, no Palácio do Planalto, ocorreu fato inusitado. A cerimônia foi sem pompas. Rápida e discreta. Poucos convidados, entre eles os presidentes da Câmara Federal, Marco Antônio Maciel, e do Senado, Petrônio Portela.

Após a assinatura do termo de posse, o Cerimonial organizou a fila de cumprimentos. Petrônio e Maciel à direita de Geisel. Ao final dos cumprimentos, os dois parlamentares fizeram menção de entrar na fila.

Com um gesto discreto, o presidente disse a ambos: “Fiquem aí”. Geisel então, dirigindo-se ao novo ministro, lhe diz: “Agora, apresente continência ao Poder Legislativo”. Bethlen cruzou à frente de Geisel e prestou continência aos dois parlamentares, proferindo as palavras usuais no caso.

Pouca gente entendeu, mas o presidente estava, naquele momento, fazendo o Exército prestar obediência ao Congresso Nacional. Nesse momento, Ernesto Geisel isolava o grupo de militares contrários ao processo de abertura política.

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