O acordo firmado entre Brasil e Vietnã é um gesto que transcende a economia. Trata-se de um elo simbólico entre dois países que compartilham trajetórias de resistência à domínio colonial, às guerras imperiais e às tentativas de tutelagem externa.
O pensador queniano Ngũgĩ wa Thiong’o propõe a descolonização da mente. As relações internacionais muitas vezes são regidas por lógicas do Norte. Ao firmar parcerias com o Vietnã, o Brasil opera uma insurgência epistemológica e comercial.
Do ponto de vista da Antropologia das Relações Internacionais, tais acordos são também formas de trocas simbólicas. São pactos narrativos: duas nações que se enxergam como iguais, como irmãs de luta e esperança.
Essa cooperação Sul-Sul reflete também a teoria da dependência latino-americana: em vez de seguir as receitas do FMI, os países buscam modelos que valorizem suas realidades e aspirações locais. A nova diplomacia é feita de afeto, de respeito à soberania e de sabedoria compartilhada.
