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Cultura do trabalho em casa ganha força entre patrão e empregado

A adoção do teletrabalho em larga escala ainda depende de mudanças culturais tanto das empresas e demais empregadores quanto dos gestores públicos, segundo especialistas. Um grupo vem elaborando o texto com incentivos para esta modalidade de ocupação, e deverá divulgar a primeira versão no final de junho.

“Existe muito na cabeça do gestor achar que, para o cara trabalhar a distância, tem que ficar olhando para ver se ele está trabalhando”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), Cléo Carneiro, sobre hábitos que precisam ser superados.

Carneiro destacou que são muitos os benefícios adquiridos no caso de trabalho em casa ou a partir de espaços mais próximos das residências, como escritórios coletivos de trabalho (coworking). “As pesquisas mostram que por essas razões a produtividade aumenta”, ressaltou.

Para o presidente da Sobratt, a melhora no desempenho dos trabalhadores está diretamente ligada aos ganhos de qualidade de vida. “Melhoria da qualidade de vida das pessoas, através da eliminação do tempo de deslocamento, eliminação do stress do trânsito, aumento do tempo para se dedicar à família, desenvolvimento profissional”, disse, ao relacionar o trabalho remoto a uma redução dos congestionamentos nas grandes cidades.

Mudanças – O especialista em mobilidade urbana da organização não governamental WRI, Guillermo Petzhold, defende que os empregadores precisam incorporar essa nova maneira de produzir para que possam ocorrer mudanças.

“As organizações, sejam empresas privadas ou públicas, também têm papel fundamental em influenciar a forma como a gente se desloca”, ressaltou.

Petzhold disse que o Poder Público tem papel importante para redirecionar os recursos investidos atualmente no transporte individual. “Também precisa de um trabalho de mudança cultural de incentivos econômicos e de políticas públicas para que isso seja implementado e gere benefícios para as nossas cidades”, acrescentou.

Legislação – Existem diversas ferramentas que permitem acompanhar o trabalho dos funcionários mesmo à distância, segundo o vice-presidente da empresa Mutant, Thiago Paretti. A empresa é especializada em desenvolver aplicativos para esse tipo de sistema.

“O colaborador coloca o dedo e se loga [entra no sistema]. Em tempos randômicos (aleatórios), o aplicativo solicita que o trabalhador coloque o dedo novamente para verificar se é ele mesmo durante todo o horário de trabalho”, exemplificou, sobre tecnologias que permitem não só o monitoramento como a comunicação remota.

Os possíveis riscos jurídicos aos empregados com o trabalho não presencial foram bastante reduzidos com a nova legislação trabalhista aprovada no ano passado, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, Sérgio Galindo.

“Agora, a gente tem uma nova avenida. Com a aprovação da reforma trabalhista conseguimos reduzir drasticamente o risco jurídico que Havia no teletrabalho. O trabalho à distância agora está na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]”.

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