Notibras

De escritor e louco, todo mundo tem um pouco

Alvíssaras! Notibras está publicando muitas centenas de contos meus. Até 25 de julho de 2025, foram encaminhados 325 textos e publicados 171.

Desde 15 de setembro de 2024, quando a publicação de meus contos começou, alternaram-se períodos de vacas gordas e de ruminantes esqueléticos. Em algumas semanas, eram publicados muitos textos (nunca um por dia); em outras, míseros dois (jamais um por semana). O pessoal do Notibras prometeu publicar tudo “oportunamente”. Só que, como ensinou Cazuza, o tempo não para; como ensinou o Coelho Branco em Alice no País das Maravilhas, é tarde! Tão tarde até que arde! O ano já tá terminando, de 25 de julho a 31 de dezembro é um pulo, e ainda falta conto pra dedéu a ser publicado.

O período de 14 a 24 de julho foi glorioso: onze textos publicados em onze dias, um recorde. Pensei em me gabar, proclamar que o Notibras estava afinal reconhecendo meus subestimados méritos, provocar a equipe editorial, dizer como a boneca Emília, “conheceu, papuda?”. Era a glória, pelo menos na escala das redes sociais. Pensei, parafraseando Drummond no poema “Política Literária”, que já dispunha de músculos escribísticos suficientes para encarar o contista federal e, se os deuses me sorrissem, gozar da regalia suprema, do prazer indescritível de tirar ouro do nariz. Contudo, acabou prevalecendo um sentimento de gratidão. Ao ser postado o sexto conto, admiti que “estava sendo tratado a pão-de-ló”. Ao aparecer o décimo texto, percebi que agora estava sendo tratado a tiramisu. O problema é que pão-de-ló vicia, tiramisu mais ainda, você imagina que a festa do caqui vai durar para sempre…

O choque de realidade veio numa sexta-feira, 25 de julho, quando não saiu texto algum deste nada humilde escriba. Nenhum! Repeti, desconsolado, um refrão aprendido na infância: “Acabou-se o que era doce, quem comeu regalou-se!”. Que tristeza! Eu bem que aguentava ter comido (quer dizer, ser publicado) muito mais…

O pior foi que, com o término do que era doce, comecei a ter fissura contística, a suar frio, a ter ânsia de vômito, o diabo a quatro (admito, sou ansioso pouquinha coisa, fazer o quê?). Só não baixei no hospital porque lembrei de uma historinha escatológica horrível (ótima, na minha enviesadíssima opinião), comecei a rir e, vocês sabem, o riso faz desaparecer a ansiedade. Então lá vai.

Um pesquisador descobriu um método infalível para matar lombrigas. Todos os dias, introduzia no rabo do paciente uma salsicha e dois ovos. Quinze dias depois, enfiou apenas a salsicha. A lombriga colocou a cabecinha para fora e perguntou, entre curiosa e indignada:

– Cadê os dois ovos?

Nesse momento, foi puxada com firmeza e se estabacou no chão.

Com base no exposto, com uma pitadinha de curiosidade mas sem um pingo de indignação – e rechaçando qualquer semelhança com o supracitado verme –, respeitosamente pergunto:

Notibras, vocês querem derrubar o contista? Me lançar por terra? Cadê meu texto da sexta-feira?

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