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De Figueiredo, o ex. Faixa não se transfere para vice, e Sarney é um impostor

José Escarlate

Quem acompanhava sua caminhada de perto, viu e sentiu que João Figueiredo fez de tudo para que Paulo Maluf não fosse seu sucessor.

Ao final do governo, confessou que preferia passar a faixa a Ulysses Guimarães, a quem não suportava. Para Figueiredo, seria melhor do que passá-la ao vice, José Sarney, de quem se tornara inimigo desde que ele deixara o partido governista e se juntara à oposição.

“Faixa a gente transfere para presidente. Não para vice. Esse é um impostor” – dizia. E em silêncio, deixou o poder para os civis. Saiu do Planalto assim que a sessão no Congresso Nacional terminou.

Considerava Sarney um traidor, que abandonou o regime, no final, por puro oportunismo. João Figueiredo nada fez para interferir, até porque a sua mágoa contra Sarney – presidente da Arena e representante do regime militar no Congresso – era bem menor que a resistência da caserna a Ulysses.

Tancredo temia que Figueiredo se recusasse a passar a faixa presidencial ao seu vice – o que ocorreu. Inúmeras vezes lembrou Getúlio Vargas, de quem fora ministro: “No Brasil, não basta vencer a eleição, é preciso ganhar a posse…” Vale lembrar que foi o general Leônidas Pires Gonçalves quem garantiu a posse de Sarney.

O excelente Carlos Chagas, meu mestre e amigo, costumava dizer que o presidente João Figueiredo foi uma espécie de Macunaíma do sistema militar. Serviu a todos os antecessores, que eram inimigos entre si. Tríplice coroado, foi primeiro aluno em todos os cursos de que participou no Exército. Mesmo entre seus críticos, há um defeito que não lhe é atribuído: o da desonestidade.

Embora não tenham sido poucas as irregularidades apontadas durante seu governo – ainda havia um resquício de censura -, não se tem notícia do envolvimento de Figueiredo em atos de corrupção. Sua família sobreviveu exclusivamente dos ganhos legais. Ele morreu em seu apartamento em São Conrado, na zona oeste do Rio, que depois foi vendido.

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