“O mar / quando quebra na praia / é bonito / é bonito…”
(DORIVAL CAYMMI, compositor Buda-Nagô)
Beira do mar da Praia de Cima, Pinheira, SC.
Imagina Caymmi em frente ao mar de Itapoã, BA.
Feito eu, o sentimento poético é inevitável.
Passam minutos e vem a razão. Tropeço em milhares de pedaços de microplásticos “vomitados” na areia ainda branca.
Microplástico se originam de duas formas principais: são fabricados intencionalmente ou resultam da degradação de plásticos maiores. Eles estão presentes em todos os ecossistemas, contaminando o ar, a água e o solo, além de terem sido detectados no corpo humano através da inalação, ingestão e absorção.
Sigamos, afinal, escrevo apenas uma crônica, não um ensaio eco tecnológico.
Retornando à poesia: difícil poetizar sabendo de tão horrenda degradação “humana”. Sim, coisas bárbaras do homem, pois as estrelas do mar, os cavalos marinhos, os botos e muito menos as imensas baleias produzem tamanha devastação no mar de Caymmi, de Camões, Melville ou em meu próprio mar.
Porém, há esperança se Esperançar. Sempre há.
Chegará o dia em que a maré que vai e vai e vai…volte!
E voltará.
Já está voltando.
Então, pegaremos nossas garrafas e sacos plásticos, nossas bitucas de cigarro, os esgotos sanitários, o lixo hospitalar, as vazões de petróleo, a nossa imbecilidade total e morreremos em “paz”.
E o mar?…
“É bonito / é bonito…”
…………………….
Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador que caminha todas as manhãs pela beira da praia no sonho argonauta de salvar o mar. Vive na Guarda do Embaú, vilarejo do litoral de SC.
