Não é novidade pra ninguém que o nível dos parlamentares que temos hoje não é dos melhores. Isso já virou quase um mantra entre nós. Mas, sinceramente, o que estamos vivendo agora ultrapassa qualquer limite do razoável. Pela primeira vez na história, temos algo inédito e profundamente vergonhoso não só para a Câmara dos Deputados, mas para o país inteiro: uma bancada de foragidos.
Sim, é isso mesmo. Três deputados federais, Alexandre Ramagem, Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli, que simplesmente deixaram o país para escapar das consequências dos próprios atos. E, ainda assim, continuam carregando o status de deputados. A Câmara, que deveria zelar por sua própria dignidade, não teve coragem nem decência de cassar os mandatos desses criminosos.
Carla Zambelli está presa na Itália e deve ser deportada em breve, é verdade. Mas não podemos esquecer que ela fugiu do Brasil depois de ser condenada por invadir o sistema da Justiça e falsificar um mandado de prisão, um dos crimes mais absurdos cometidos por alguém que jurou defender a Constituição. Uma deputada federal foragida por atacar o próprio Estado Democrático de Direito. Parece ficção, mas é a nossa realidade.
Eduardo Bolsonaro, por sua vez, atuou como um traidor do país que deveria representar. Conspirou contra o Brasil, tentando articular com figuras do governo dos EUA a aplicação de sanções econômicas contra o nosso próprio povo. Tudo isso para livrar o pai da justiça. Isso ultrapassa o erro político, é uma agressão à soberania nacional.
E Alexandre Ramagem, condenado por planejar um golpe de Estado, fugiu para os EUA. É um golpista foragido, que continua, no papel, exercendo o mandato de deputado federal como se nada tivesse acontecido.
Todos eles, mesmo condenados, mesmo fugidos, mesmo envergonhando o país perante o mundo, seguem formalmente como deputados. Seguem como se ainda merecessem nossas honras, nossos salários, nossa confiança. Não merecem.
É vergonhoso. É inaceitável. E diz muito mais sobre a omissão da Câmara dos Deputados do que sobre os fugitivos. Porque esses já sabemos quem são e do que são capazes. A verdadeira pergunta é: até quando o Parlamento vai tolerar que foragidos da Justiça ostentem mandatos populares?
