Nasci na geração raiz. Brincadeiras à parte, sou aquela mulher que carrega em si a menina.
Nasci na roça, lavoura de café, taturana… Que horror! Conheço cada folha ou flor que vejo. Mesmo de longe posso diferenciar um jambeiro de uma jaqueira. E aos mais velhos que eu, acredite, há quem duvide e discuta.
Meus filhos são outra época, brincadeiras novamente, a geração Nutella. Às vezes não consigo entender certas dificuldades.
Parece que chegou o momento em que vou conviver com essa diferença de gerações fora da minha casa, os jovens da idade dos meus filhos estão no mercado de trabalho, e eu estou vendo meus filhos bem representados.
Entro no supermercado Perim, para você que não é do Espírito Santo, tem o auxílio do Google, um supermercado conhecido e bem-conceituado.
Seção frutas, legumes e verduras. Escolhe a minha querida rúcula, adoro.
Caminho rápido pelos corredores, não quero perder o ônibus. Chego ao caixa, a moça deve ter idade aproximada à idade da minha filha.
Passa o primeiro item, segundo, terceiro, quarto e as folhinhas verdes.
— Amanda (nome fictício), que código é desse?
Ela chama outra moça da idade das minhas filhas.
— Que verdura é essa?
— Agrião do mato
— Agrião do mato? Será que peguei errado? Penso e, não contente e na dúvida, falo educadamente:
— Eu achei que fosse rúcula, tem certeza de que não é?
A moça que tinha sido chamada diz:
— Deixa eu cheirar.
A senhora que está atrás de mim na fila intervém:
— É rúcula, olha as folhas, eu conheço.
Alguém está ao meu lado, confirmo:
— É rúcula, não é!?
A moça se aproxima, cheira e diz:
— Ah, pelo cheiro não sei.
A senhora repete:
— É rúcula.
A balconista passa como rúcula.
Chego em casa, verifico e, a menos que eu esteja com problema de memória, é rúcula.
A atendente e a moça têm a idade das minhas filhas. Rio.
Me lembro do dia em que pedi à minha filha para comprar banana nanica, natural o nome no meu estado. Ela voltou com banana prata. Questionei.
Ela disse:
— Cheguei no mercado e fiquei em dúvida, banana nanica significa pequena, essa era a pequena.
Acho que chegou o momento de eu conviver com os jovens que tem a idade dos meus filhos no mercado de trabalho.
Vai ser divertido.
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“Apaixonada pela vida em todas as suas formas! Mãe, avó, artesã do crochê e escritora por vocação. Encontro inspiração na natureza e tranquilidade nas trilhas da montanha. Palavras e linhas são minhas ferramentas para criar e compartilhar amor.”
Autora de três livros publicados, colunista e integrante de uma comunidade literária.
Atualmente reside em Cachoeiro de Itapemirim-ES.
