Na semana passada, o governador Tarcísio de Freitas resolveu mais uma vez brindar o país com suas pérolas. Disse que “o diploma cada vez tem menos relevância”, e que “o mercado está cada vez mais interessado em saber quais são suas habilidades e menos onde você se formou”.
Eu fico impressionada como a direita brasileira parece ter uma verdadeira implicância com a educação. Digo parece porque, convenhamos, não é para todo mundo que eles pregam esse discurso. Os filhos de Tarcísio, por exemplo, certamente estudaram e continuarão estudando nas melhores escolas e universidades, no Brasil ou no exterior. Para eles, diploma nunca foi irrelevante.
Mas quando se trata do filho da trabalhadora, da menina periférica, do jovem negro que luta para ser o primeiro da família a entrar na universidade; aí sim, o diploma “não importa”. É curioso como esse discurso só serve para justificar o desmonte de políticas públicas de acesso, o sucateamento do ensino e a diminuição das responsabilidades do Estado.
Na teoria, pode até parecer bonito dizer que “o que importa são as habilidades”. Um discurso moderno, quase motivacional. Mas, na vida real, essa que a maioria das pessoas vive, todos sabemos que quem não tem formação superior continua ganhando muito menos do que quem tem. O próprio mercado de trabalho mostra isso todos os dias, em pesquisas, em vagas, em oportunidades. É só olhar os dados: salário, estabilidade, mobilidade social… tudo melhora com o diploma.
Então eu realmente me pergunto: a quem interessa esse discurso de que diploma não vale nada? Porque, quando eu olho em volta, percebo que os únicos que pregam isso são justamente aqueles que nunca deixaram e nunca deixarão de garantir o melhor ensino para seus próprios filhos.
No final das contas, não é que eles achem que educação não importa. Eles só acreditam que educação de qualidade não precisa estar ao alcance de todos. E é exatamente por isso que esse tipo de fala me incomoda tanto: porque tenta naturalizar uma desigualdade que já é enorme e que só pode ser combatida com mais acesso à educação, nunca com menos.
