Para além de modismos e apropriações, navegando pelos livros e tratados, o som do silêncio no vazio permanece em boa parte um mistério para a humanidade.
Uma filosofia – doutrina amorosa que é -, por sua própria natureza e definição incomensurável e intransmissível, uma postura sem rótulo, fé que não se explica, escapa à linguagem, desmonta por completo nosso mecanismo racionalizante e limitado – o único que a maioria de nós conhece.
Somos avessos a contrastes desafiadores como o silêncio.
Simples/complexo.
Assustadora realidade.
Estamos tão aferrados a nós mesmos que fica difícil alcançarmos a beleza luminosa e despida do jeito de viver no silêncio e no vazio; mas nada nos impede de apreciá-los.
O som é lindo. Infinito.
O sagrado, em suas infinitas formas e interpretações, está presente ali.
O vazio abarca tudo.
Na unidade entre o infinito particular e o limitado arranjo coletivo reina a simbiose infinito do som/vazio.
Som…Silêncio…Vazio.
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Gilberto Motta é escritor, jornalista, professor/pesquisador que tem dois ouvidos para ouvir o dobro e uma boca para falar a metade. Vive na Guarda do Embaú, litoral de SC.
