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Domingo de futebol e afeto onde o amor só muda no escudo da camisa

Neste domingo fui visitar meus pais. É sempre bom estar com eles. Há uma sensação de aconchego que só o lar de pai e mãe oferece. Como de costume, eu e meu pai tínhamos um compromisso sagrado: acompanhar a rodada do Campeonato Brasileiro.

O problema é que, desta vez, nossos times jogaram no mesmo horário, às 16h. O meu Palmeiras enfrentava o São Paulo, enquanto o Vasco dele encarava o Vitória. Incompatíveis. Decidimos, então, dividir a casa como quem divide o coração: ele ficou na sala, fiel ao Vasco; eu me instalei na cozinha, grudada na tela que mostrava o Palmeiras.

Os dois nervosos. Os dois sofrendo. No primeiro tempo, parecia que o dia seria de tragédia dupla: o Palmeiras tomou dois gols, e o Vasco, que havia saído na frente, acabou levando a virada. No intervalo, nos encontramos no corredor. Ele me olhou com aquele semblante de torcedor calejado e eu disse: “Ânimo, vai dar certo”.

Mas, no fundo, eu mesma não acreditava muito.

Voltamos aos nossos postos. O segundo tempo começou tenso, daqueles que fazem o coração bater mais rápido. Eu só pensava no Palmeiras, enquanto ele, com certeza, só pensava no Vasco. Logo no comecinho do segundo tempo ouvi meu pai comemorar o empate de Vasco e alguns minutos depois o Vasco já estava na frente novamente. Quase ao mesmo tempo o Verdão fez um gol mas eu continuei desanimada.

De repente, o Palmeiras empatou! Gritei um “gol!” que deve ter ecoado pela casa inteira. E, mais uma vez, quase ao mesmo tempo, ouvi o lamento do meu pai: o Vitória também havia empatado o jogo.

Minutos depois, o Palmeiras virou em 3 a 2! Pulei da cadeira, vibrando como se fosse final de campeonato. E, em seguida, veio a redenção dos vascaínos: um grito alegre vindo da sala anunciou o quarto gol do Vasco. A noite estava salva.

Quando os dois jogos terminaram, nos encontramos outra vez. Rimos, nos abraçamos, e aquele abraço carregava um alívio mútuo, um sentimento de vitória compartilhada. Depois, juntos, fomos secar o Flamengo, porque rivalidade é uma das poucas unanimidades que temos.

No fim das contas, fiquei pensando em como é maravilhoso ter meu pai por perto. O futebol pode ser motivo de estresse, mas, na verdade, é um pretexto bonito pra nos unirmos, mesmo quando estamos em cômodos diferentes. O amor, afinal, é o mesmo. Só muda o escudo da camisa.

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