Ainda ecoa teu nome nas galerias da memória,
Como sinfonia suave que ressoa em minha essência.
A ausência vestiu-se de sombra e repousou em mim,
Fez morada no silêncio onde antes havia dança.
Recordo teus gestos como relíquias sagradas,
Teus beijos eram constelações em minha pele,
Teus carinhos, o sopro que acendia minha alma.
Agora, a saudade molda tua imagem em névoa,
E meus olhos, outrora faróis,
Choram rubros pela luz que se foi.
Minha alma entoa uma ária triste,
Uma canção dedicada ao que fomos,
No véu da noite, ouço tua presença
Vagando entre distâncias e suspiros.
Conhecer-te foi como descobrir um jardim secreto,
Ter teu corpo junto ao meu,
Foi como tocar o céu com os pés descalços.
Hoje, vivo de lembranças que ardem como brasas,
Enquanto tua saudade também te visita
Por caminhos que não levam a mim.
Somos viajantes de memórias,
Tu no teu ontem, eu no meu agora que te contém.
Ainda sinto o sabor dos teus lábios em minha boca,
E meu corpo estremece ao lembrar teu toque,
Como se o tempo não tivesse passado.
Quisera atravessar o espaço que nos separa,
E te mostrar que o que sinto não é comum,
É cristal raro, é chama pura,
Talvez nunca tenhas provado amor assim
Que não exige, não prende, apenas é.
Entre nós, há mais que quilômetros:
Há um abismo feito de silêncio e ausência,
E em teu peito, um vazio que não fui chamada a preencher.
Tanto sofrimento por um amor que não te viu,
Enquanto eu sonhava contigo,
E me descobri inteira no instante em que fomos um.
A vida é feita de instantes,
E os nossos são joias guardadas em minha saudade.
Te tenho nas madrugadas amargas,
Na melodia que escolhi para ser nossa,
Nos versos que escrevo com tua lembrança,
Pois eternizar-te em poesia
Foi a forma mais bela de nunca te perder.
