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Edna Domenica faz análise de poema do Daniel Marchi

O poema “Momentos” traz à baila temas universais como perda, solidão e nostalgia. No poema, a imagem da rua vazia e silenciosa reflete o estado de espírito do “eu lírico ” que se percebe exilado e sem paixão.

A descrição da casa como um lugar que “está toda preparada / Para que outros a habitem” sugere a consciência da finitude.

A menção a “outros que são como o que fui” é uma reflexão sobre a passagem do tempo.

A necessidade de preservar memórias e experiências passadas comparece nas lembranças de objetos e sensações guardados:

Uma caixa de música toca “Torna a Surriento”

Um camafeu

Um cachimbo de espuma do mar

O livro autografado

O anel com vidrilho

E um velho colar

Um brinquedo de meu filho

O chapéu engraçado

Meu carro e minha razão

Que vou perdendo aos poucos

Tais lembranças abstraem do tangível da experiência o que é realmente importante na vida.

A referência ao “chapéu engraçado” e ao “carro” sugere que o “eu poético” está olhando para trás e recordando momentos felizes de sua vida. No entanto, a menção a “minha razão / Que vou perdendo aos poucos” é uma reflexão sobre perdas internas resultantes de fatores externos.

A imagem da casa como um lugar que “ainda vai salvar” sugere que o “eu lírico” está se agarrando à ideia de que sua vida ainda tem propósitos.

Por meio de antíteses “frio” X “paixão”, retrata a dimensão da solidão sentida, nos versos:

“O frio deita sobre ela uma expressão incomum

De desterro, de degredo, e eu exilado e sem paixão”

O poema “Momentos ” desencadeia uma reflexão profunda sobre a vida, as perdas, a solidão e a consciência da impermanência de tudo.

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A rua da casa vazia, sombria na noite fria

 

 

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