O poema “Momentos” traz à baila temas universais como perda, solidão e nostalgia. No poema, a imagem da rua vazia e silenciosa reflete o estado de espírito do “eu lírico ” que se percebe exilado e sem paixão.
A descrição da casa como um lugar que “está toda preparada / Para que outros a habitem” sugere a consciência da finitude.
A menção a “outros que são como o que fui” é uma reflexão sobre a passagem do tempo.
A necessidade de preservar memórias e experiências passadas comparece nas lembranças de objetos e sensações guardados:
Uma caixa de música toca “Torna a Surriento”
Um camafeu
Um cachimbo de espuma do mar
O livro autografado
O anel com vidrilho
E um velho colar
Um brinquedo de meu filho
O chapéu engraçado
Meu carro e minha razão
Que vou perdendo aos poucos
Tais lembranças abstraem do tangível da experiência o que é realmente importante na vida.
A referência ao “chapéu engraçado” e ao “carro” sugere que o “eu poético” está olhando para trás e recordando momentos felizes de sua vida. No entanto, a menção a “minha razão / Que vou perdendo aos poucos” é uma reflexão sobre perdas internas resultantes de fatores externos.
A imagem da casa como um lugar que “ainda vai salvar” sugere que o “eu lírico” está se agarrando à ideia de que sua vida ainda tem propósitos.
Por meio de antíteses “frio” X “paixão”, retrata a dimensão da solidão sentida, nos versos:
“O frio deita sobre ela uma expressão incomum
De desterro, de degredo, e eu exilado e sem paixão”
O poema “Momentos ” desencadeia uma reflexão profunda sobre a vida, as perdas, a solidão e a consciência da impermanência de tudo.
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