Ao saber da ligação de Lula para Trump, Eduardo Bolsonaro comentou sobre o assunto na rede social X. Ele fala em “proteger os interesses estratégicos dos EUA no hemisfério” como se fosse porta-voz da Casa Branca, não um deputado brasileiro eleito para defender o povo daqui. É um absurdo, mas confesso que não fiquei surpresa. Ele mostra que está, mais uma vez, muito mais preocupado com os interesses dos Estados Unidos do que com os do próprio Brasil.
E aí entra o velho problema: a síndrome de vira-lata. Um termo criado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues para descrever aquele sentimento de inferioridade que faz o brasileiro achar que tudo o que vem de fora, especialmente dos EUA e da Europa, é melhor do que o nosso. Eduardo encarna isso com perfeição. Age como quem acredita que a salvação do Brasil virá de Washington, que Trump é uma espécie de tutor moral e político, e que nosso país deve se comportar como um país subalterno.
É por isso que ele fala tanto em “liderança do Presidente Trump”, como se os Estados Unidos fossem os fiadores da democracia brasileira. É constrangedor. Eduardo não se porta como parlamentar; se porta como capacho, como sabujo, sempre pronto a lamber as botas de alguma potência estrangeira enquanto fala em “crise institucional” aqui.
Espero que um dia a política brasileira consiga se livrar dessa dependência emocional e simbólica que figuras como Eduardo alimentam. Porque o Brasil merece representantes que defendam o Brasil, e não alguém que age como embaixador não-oficial de outro país.
