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Empresário quer ver dinheiro da caixa preta do BRB

Está caminhando a passos largos em direção à Câmara Legislativa do Distrito Federal, uma Comissão Parlamentar de Inquérito para abrir a caixa preta do Banco de Brasília. Quem empurra a CPI são empresários insatisfeitos com os rumos que Paulo Henrique Costa vem dando à instituição.

Os subsídios para as investigações estão chegando ao Ministério Público de Contas, ao Tribunal de Contas do Distrito Federal e ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado, da Polícia Civil. Uma cópia será encaminhada ao Banco Central e outra à CVM. A ordem é abrir uma caixa preta que esconderia negociatas com diferentes digitais.

Esses empresários, pequenos e médios, donos de academias, bares, restaurantes, salões de beleza, comerciantes e prestadores de serviços de diferentes áreas, desde a comunicação e publicidade passando pela Tecnologia da Informação, se consideram abandonados à própria sorte em pleno recrudescimento da pandemia provocada pelo novo coronavírus.

O grupo reflete o desânimo de quem foi burlado com a propaganda enganosa do BRB. Entre eles há quem pense ter caído no Conto do Vigário promovido por Paulo Henrique Costa. Para quem não sabe, a expressão “Conto do Vigário” é antiga e utilizada no Brasil e em Portugal. É sinônimo de atitude desonesta praticada por outra pessoa. No caso, um vigarista.

Um dos itens levantados nas investigações dos próprios empresários que formarão um dossiê a ser entregue ao MP de Contas, ao TCDF, aos delegados do Decor, ao BC e à Comissão de Valores Mobiliários, é a destinação de 3 bilhões de reais repassados pelos cofres do Tesouro distrital para socorrer a classe empresarial em crise, com juros subsidiados.

Mas, sustentam esses pequenos e médios formadores do PIB brasiliense, tudo não passa de balela. Como consequência, as dores de cabeça provocadas pela restrição do funcionamento das suas atividades, viraram enxaquecas A categoria reclama da dificuldade em abrir conta no BRB. E que, quando enfim conseguem cumprir as exigências, só encontram pedras e espinhos no caminho. E o empréstimo prometido vira um pesadelo.

Para piorar a situação, esse grupo questiona, ao mesmo tempo, que enquanto faltam recursos para socorrer a situação deficitária de quem paga impostos e gera empregos, sobra dinheiro para patrocinar eventos milionários (há um mais que bilionário). Citam, por exemplo, o ainda não explicado e anunciado repasse de 1 bilhão 500 milhões de reais do BRB ao Flamengo, num período de três anos; a recente decisão de patrocinar, sem dar publicidade aos custos, a categoria de automobilismo Stock Car; e, ainda, um tal de Natal na Torre.

Outro ponto levantado como passível de suspeição é a inexplicável mudança de endereço da sede própria do BRB, no Setor Bancário Sul, para a ocupação de um prédio a um preço multimilionário no Setor de Autarquias Norte, supostamente acima dos valores de mercado.

Infere-se, dizem os empresários, que há um jogo de interesses por trás de tudo isso. Eles suspeitam que são muitas caixas-pretas a abrir. Além de todos esse negócios (há quem levante a suspeita de tratar-se de negociatas) existe, na teia de aranha do banco, mais um fato estranho. Trata-se da BRB Serviços, uma empresa com perfil de Pandora fechada a sete chaves.

O dossiê em elaboração já tem mais de 100 páginas. São muitos os assuntos a serem esclarecidos. Pelo contrato com o Flamengo, por exemplo, o presidente Paulo Henrique Costa diz, em vídeo pago dirigido aos flamenguistas, que o BRB repassará à equipe da Gávea, em três anos, 1 bilhão 500 milhões de reais. Mas o próprio presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, em recentes declarações, falou em 30 milhões anuais. Com esse desencontro de valores, estão desaparecendo no ar, como fumaça, 1 bilhão 410 milhões de reais.

Mas, como a pandemia não atinge apenas empresários, existe uma outra categoria que está com a pulga atrás da orelha. São os próprios servidores do Governo do Distrito Federal. Os funcionários públicos começam a demonstrar inquietação com suas futuras aposentadorias. Motivo de preocupação não falta. É que, no meio de todo esse imbróglio, o Iprev transferiu ao Banco de Brasília 3 bilhões de reais para que o BRB, numa quase insolvente situação de caixa, ganhasse algum fôlego.

Nessa transação com o Iprev, o dinheiro real foi transformado em um papel conhecido no mercado financeiro como ação negociada nas bolsas de valores. Teme-se, porém, que tenha sido uma ação maléfica. E quando chegar a hora do resgate, da prestação de contas, o negócio, feito em real, não esteja valendo um vintém.

Notibras, enquanto empresa jornalística, cultiva sua imparcialidade e não faz parte desse grupo de empresários. Mas tem relações próximas com muitos deles, que repassam informações seguras. Porém, como manda a prática do bom jornalismo, procuramos ouvir o Banco de Brasília com base na Lei de Acesso à Informação. O assunto em questão é o patrocínio da Stock Car.

A resposta do BRB foi de que o repórter procurasse o Diário Oficial, “pois é tudo feito dentro da legalidade”. Contudo, como a lei determina que o requerido preste as informações, e não que aponte ao requerente atalhos que levem a um labirinto, a Redação vai insistir nas perguntas. Agora, com um questionário amplo que ficará planando sobre a cabeça de Paulo Henrique Costa como asas com flaps bem azeitados até que a lei seja cumprida.

A Diretoria de Redação de Notibras já deu uma ordem à Chefia de Reportagem. Se as respostas não forem encaminhadas, a alternativa será aliar-se ao grupo de empresários insatisfeitos. Nem que seja apenas com a cessão de um maçarico para ajudar a romper a caixa preta.

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