Longe da terra que me viu nascer,
distante dos olhares que tudo julgam,
foi ali, entre estradas desconhecidas,
que teus braços se abriram como abrigo.
Um sorriso breve, um toque fugaz,
passos apressados em ruas que não dormem,
mas teus olhos diziam o que o silêncio guardava,
e meu coração já sabia: eras o destino.
Teu semblante trazia vestígios de cansaço,
mas tua alma brilhava como aurora generosa.
No calor do teu abraço,
no encanto dos teus gestos,
provei o amor em sua forma mais pura.
Toques suaves, beijos que falavam em poesia,
carícias que revelavam segredos guardados,
teu corpo, tímido e entregue,
se fez templo onde o desejo repousava.
Lençóis marcados por lembranças,
toalhas úmidas de instantes vividos,
a noite se fez dança de estrelas,
e a manhã, perfume de recomeço.
Banho fresco, corpos em sintonia,
um café, um beijo,
e o amor, sem pedir licença,
voltava a florescer como primavera tardia.
A timidez se dissolvia em calor,
dois corpos em abraço profundo,
beijos intensos, almas sedentas,
como se o tempo nunca tivesse passado.
Não foi o passado que os uniu,
mas a magia que os envolvia,
como se fossem feitos um para o outro
desde antes de qualquer memória.
Na despedida, o olhar doía,
o beijo tinha gosto de ausência,
e a saudade já se instalava
antes mesmo que os olhos se fechassem.
A lua, imensa no céu,
banhava meu rosto pela janela,
enquanto Maria Bethânia,
em silêncio, embalava as lágrimas
de uma alma que amou sem medida.
