O povo brasileiro está, novamente, afogado em uma ditadura e à mercê de sofrer violência nas ruas, dentro de casa e no campo, devido à impunidade das máfias que dominam as cidades e à corrupção que as garante. Os povos de todas as democracias plenas do planeta leem amplamente, investem em escolas, universidades e pesquisa e contam com verdadeiros arsenais de armas de fogo em casa, para se defenderem de bandidos, terroristas e ataques de outros países.
No Brasil, a elite que controla o erário desarmou todo mundo e vem impedindo, progressivamente, que as polícias trabalhem. O povo sabe disso, mas apoia essa elite e continua elegendo seus algozes. Gostam deles como porcos gostam de quem os engordam para o abate. Ou do lobo discursando para ovelhas:
– Se eu for eleito prometo que não comerei vocês.
- Pedro II(Companhia das Letras, São Paulo, 2007, 279 páginas), do historiador José Murilo de Carvalho, confirma que Dom Pedro II nunca quis ser imperador, era republicano e fazia o que a elite queria. De certa forma, Dom Pedro II lembra o povo brasileiro.
Dom Pedro II nasceu em 1825, no Rio de Janeiro, e morreu em 1891, em Paris. Aos 15 anos de idade, em 1840, foi coroado imperador. Foi preparado desde criança para isso. Em 1889, foi deposto e enviado para o exílio. Detestava governar, mas adorava o Brasil; nunca quis a escravidão, mas era controlado pelos escravocratas; e era republicano.
Foi deposto pelo Exército brasileiro, em um golpe de líderes republicanos, porque não dava atenção para as forças militares do país, que se sentiram órfãos. Mas o que levou ao momento fatal do golpe foi o fim da escravidão.
Em 1889, Dom Pedro II tinha 54 anos, mas estava doente, diabético. Sua sucessora era a Princesa Isabel, pois os filhos homens do imperador, Afonso e Pedro Afonso, morreram crianças. Só que Isabel era carola, fazia o que a Igreja mandava, e, em uma das viagens de seu pai, que adorava viajar, libertou os escravos, o que suscitou a ira dos fazendeiros.
Quando o golpe foi aplicado, Dom Pedro II simplesmente o aceitou. Foi-lhe oferecida resistência por líderes da maioria da tropa, mas o imperador declinou do oferecimento, e, até no exílio, continuaram insistindo para Dom Pedro II retornar ao Brasil e lutar contra os republicanos. Mas ele não quis.
O que ele gostava de fazer, na verdade, era ler, escrever e viajar. E de Luísa Margarida de Barros Portugal, a Condessa de Barral, culta e elegante, aia das filhas do imperador. Os historiadores ainda não descobriram nenhum documento que mostre claramente que os dois travaram batalhas na cama, mas a intimidade das cartas entre os dois levam a crer que o negócio não era platônico. O que se sabe, de forma inequívoca, é que o pai de Dom Pedro II, o primeiro, era garanhão.
O comportamento do povo brasileiro lembra o de Dom Pedro II. Não no que diz respeito a ler, pois não são muitas as pessoas que leem pelo menos um livro por ano, no Brasil. Mas no que diz respeito a se encolher diante da imoralidade, achando que isso vai livrá-lo do inferno.
Nesse aspecto, Dom Pedro I foi o grande herói brasileiro. Pode ser acusado do que for, mas saía pra a porrada. Lutou bravamente pelo que ele acreditava que era certo, a independência e a soberania do Brasil. Falar em soberania, o povo brasileiro acha, atualmente, que ditadura é soberania.
Dom Pedro II era contra a escravidão, mas não teve coragem de detê-la. Parece até que combinou com sua filha para ela decretar a anistia aos escravos. Era republicano, mas esperou que os militares instalassem a república por meio de golpe, e não de constituição, no caso, monarquia constitucional. Precisamos de outro Dom Pedro I.
