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Erro no Enem do Céu faz obcecado por sexo viver lamúria bolsonarista

No Brasil da polarização para enganar os incautos, a gente vive diariamente entre o céu e o inferno. Sei que entre o céu e o inferno existe um mundo cheio de histórias boas ou ruins de pessoas que só querem ser felizes. É o meu caso. Por isso, fico feliz quando ouço determinadas pessoas me dizendo que, por defender o progresso e o vanguardismo, eu vou para o inferno, enquanto elas, defensoras do ódio e da desesperança, irão para o céu. São apenas alguns passos a distância entre um e outro.

Entretanto, assumidamente dou pulos de alegria apenas pelo fato de não estarmos indo para o mesmo lugar. Ainda não tenho opinião formada, mas me imagino como Maquiavel, gozando no inferno da companhia de papas, reis, príncipes e bêbados. No céu, só terei como “parceiros”, monges, apóstolos, “patriotas”, porteiros de prostíbulos, policiais militares, algumas moças de vida difícil e a turma do agronegócio. Como normalmente penso como os pensadores, sou um idealista incorrigível nos moldes do filósofo e filólogo alemão Friedrich Nietzsche. Daí minha preferência pelos bêbados.

Portanto, caso seja expulso do céu, farei do inferno o meu ideal. Considerando os contatos de terceiro e quarto grau que já fiz com São Pedro sobre humildade e maldade no coração, dificilmente terei assento no céu. Digo isso porque, durante uma hipotética triagem, não passei no teste. Silenciosamente, respondi errado às cinco perguntas clássicas de entronização. Por exemplo, não me lembrei que o esmalte é mole, mas nas mãos das mulheres fica duro. Também esqueci que é na África onde as mulheres têm o cabelo mais enrolado.

Por um lapso de memória, fugiu da mente que o que todas as mulheres têm e começa com B e termina com A é a beleza. Pior foi não lembrar que é o joelho que as mulheres têm entre as pernas. O jubilamento ocorreu quando São Pedro indagou o que as mulheres casadas têm que é mais larga do que o das solteiras. Pensei uma hora e meia e não consegui responder. Com a calma que Deus lhe deu, o santo das chaves me disse que era a cama. Como demorei, levei zero no latim.

Como regras são regras, perdi o direito de escolha e acabei ficando com as consequências. Eita cabecinha maldosa. Embora lamente a maldição da maldade, fico tranquilo em relação ao céu e o inferno, pois sei de antemão que tenho amigos nos dois lugares. Antes mesmo de iniciar a busca por um dos dois caminhos, acho que estou pensando e agindo como os melhores pastores evangélicos, aqueles que adoram ser conhecidos no céu e temidos no inferno.

Aos que pagam o dízimo, resta poupar como se fosse viver para sempre e gastar como se fosse morrer amanhã. Pura questão de escolha. De minha parte, perdi o medo do inferno ao me descobrir vivendo nele ou próximo dele. Aliás, por vezes tenho a impressão de que a casa de Satanás ficou vazia depois da derrota de um tal mito. Na verdade, o capetão hoje atende por Netanyahu, Putin, Milei, Maduro e Trump. Não tenho conhecimento de causa, mas parece que todos os demônios sumiram daqui. A causa é decorrente da tentativa dos “patriotas”, fundamentalistas e defensores da família de trazer o céu para a terra. Deliberada ou desafortunadamente, acabaram por produzir o inferno entre nós.

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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras

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