A ave levanta o voo e vupt.
“Infinito é nada, dotô!”.
Pois veja se por bem ou pena.
Da plumagem, só o encanto ficô.
Da trajetória, a vertigem.
Das cores fortes, o contraste.
Dos pés do cão, as esporas.
O garrão, a frieira, a sola. Pois não sei se foi capricho. Coisa feita, traição. Ziquizira, fel, quebranto. Guerra de breu.
Confusão.
Desengano. Desencanto.
Pras bandas do rio Solidão.
A ave alçou o voo, desceu e Zás!
Baque certeiro, flechado.
Forte, determinado.
Olho cego, seco, morte.
Coice de jegue.
Bafo de bode.
Lá “ficô no meio do redemoinho o cramunhão”.
Regurgitando a carne, na plumagem transformista do pavão.
“Infinito é nada, dotô!”.
Poeira, estrada, espanto.
Sertão.
…………………….
*Gavião, Pedra da Boca (Araruna/PB-Novembro 2019)
** Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador. Este microconto integra o livro inédito de textos curtos “ZIQUIZIRA”. O AUTOR VIVE NA Guarda do Embaú, vilarejo de pescadores e turistas no litoral Sul de SC.
