Não podemos negar: ainda estamos nos curando.
E não falamos apenas de amores falamos das feridas que o tempo deixou em silêncio.
Estamos nos curando dos erros que cometemos quando não sabíamos fazer melhor.
Das palavras que dissemos por impulso e das que engolimos por medo.
Estamos nos curando dos lares que não foram abrigo, das famílias que machucaram mesmo querendo acertar, das amizades que não sustentaram o peso do real.
Curar-se é um processo lento e, às vezes, solitário.
É como limpar um machucado antigo que nunca cicatrizou direito. Dói quando tocamos, mas é o único jeito de deixá-lo sarar.
Estamos nos curando das expectativas que criamos, das metas que não alcançamos, das versões de nós mesmos que não conseguimos ser.
E está tudo bem.
Porque o amadurecimento também é feito de fracassos que nos ensinam a recomeçar.
Há dias em que o coração pesa e a mente grita que estamos atrasados.
Mas o tempo da cura não é o tempo do relógio é o tempo da alma.
É o tempo de respirar fundo e dizer: “eu ainda estou aqui”.
Estamos nos curando, sim.
E talvez nunca fique totalmente pronto, porque viver é se curar o tempo todo.
Mas a diferença é que agora não fugimos mais da dor olhamos pra ela, entendemos, e seguimos.
Seguimos com mais leveza, com mais verdade, com mais fé.
Seguimos acreditando que há beleza até nas rachaduras,
porque é por elas que a luz entra.
