Presente: junção das palavras prae (antes, à frente) e esse (ser, estar), tem vários significados para nós. Tanto pode ser o momento que estamos vivendo, como pode indicar uma ação, sendo utilizado como verbo ou a concessão de um mimo para alguém… praeesse, palavra latina, deu origem à essa palavrinha que usamos tanto em nosso dia a dia. Se fôssemos traduzi-la ao pé da letra, seu significado seria simples… estar à frente de alguém… mas é muito mais do que isso…
Se usamos a palavra como verbo, ela tanto pode significar um ato realizado naquele momento como pode se referir a uma ação habitual ou mesmo a uma verdade… quando a usamos como marco temporal, ilustra um fato que está ocorrendo no momento. E a mesma palavra, quando empregada para um objeto, significa um mimo, uma doação… quanta coisa diferente uma única palavra pode significar, não é mesmo?…
Vivemos sempre o presente, jamais ficamos no passado, é impossível avançarmos para o futuro. É como se fizéssemos parte de um fotograma em um rolo de filme e, não importa qual posição estivéssemos, viveríamos sempre um mesmo momento, sem perspectivas de modificar as cenas posteriores… pois elas já estavam gravadas…
É essa a impressão que tenho, às vezes… todas as cenas de minha vida já estão prontas, e vou vivendo-as de acordo com o tempo em que o filme vai avançando para seu final… sem perspectivas de mudar o roteiro, pois como a história já está escrita, acabo seguindo o script religiosamente, como se as conquistas por mim alcançadas o fossem realmente…
Sei que essa é uma visão fatalista. Mas se pararmos para pensar um pouco, o mundo segue uma dinâmica fatalista. Afinal, o que marca mais nosso dia a dia? Um evento feliz, onde todos saem alegres e sorridentes, ou uma tragédia, onde várias pessoas acabam por partir deste plano de uma forma drástica? Embora todos nós queiramos viver apenas experiências tranquilas e felizes, no âmbito geral damos mais atenção quando algo negativo acontece… para os outros, é claro…
Sim, podemos dizer que a raça humana é sádica. Adora curtir o sofrimento alheio. Mesmo que disfarce tal preferência de mil maneiras, de forma que não pareça feliz com a desgraça de seu vizinho. Mas boa parte das pessoas são assim. Afinal, quando você lê um livro, vê um filme, joga um vídeo game, procura sempre aqueles mais violentos, onde a sanha de sangue é o enredo principal. Quanto mais selvageria houver na história, mais irá atrair pessoas que apreciarão a obra em questão. Poucas são aquelas que irão apreciar uma história onde a tônica seja a Luz, a Paz… a Felicidade…
Já reparou que mesmo aquelas histórias que, supostamente, defendem a Paz trazem histórias sangrentas mesmo quando tal não deveria ter espaço nas mesmas? E nós vamos assistir tais sagas, muitas vezes torcendo para que o bandido leve a melhor… e replicamos isso na vida real. Acabamos por idolatrar pessoas violentas como heróis a serem reverenciados… e seguidos…
Claro que, com o correr do tempo, essa visão vai se modificando pouco a pouco. Mas são passos muito pequenos, e acabamos por sufocar aqueles que tentam, desesperadamente, implantar um Reino de Harmonia e Paz para os seus. Aplaudimos de pé aqueles que, em nome de falsas alegações, massacram inocentes como se estes, e não os primeiros, fossem os vilões da história. Tudo é válido para tal visão. Afundar barcos sob a alegação de que estariam a serviço do mal, destruir cidades porque estas estariam protegendo terroristas, tudo isso está presente em nosso dia a dia…
É como se tivéssemos a necessidade de caminharmos sobre poças vermelhas, para que estas nos nutrissem. Sim, afinal o vermelho é fogo, é a mais pura expressão da vida, do calor… mas, como tudo no mundo, quando em excesso, ao invés de cultivar a vida, simplesmente a destrói…
Como dá para perceber o presente, embora tenha um significado tão lindo, pode também ser o mensageiro da destruição. Não por culpa dele, mas nossa. Que simplesmente desdenhamos seu significado mais belo, que é a doação… de seu amor, de seu carinho… e acabamos por viver um presente lúgubre por culpa nossa, mesmo. Pois nos esquecemos de cultuar a Luz, que o próprio Fogo nos fornece e a deixamos tornar-se um instrumento de destruição…
Sim, vivemos o presente e não temos possibilidade de avançar para o futuro, vislumbrar o que ocorrerá momentos após determinada ação que venhamos a cometer. Se soubéssemos, talvez… eu disse talvez… nossa forma de agir fosse outra. Se pudéssemos caminhar livremente através do tempo, quem sabe, não pudéssemos consertar os erros que cometemos a todo instante… mas, pensando bem, se cada um fosse retornar ao passado (que, instantaneamente se tornaria o presente para o viajante do tempo) para consertar seus erros, talvez o mundo ficasse muito mais confuso e problemático… talvez seja melhor estarmos presos ao presente, de onde não temos como alterar o futuro nem retornar ao passado…
E como estamos presos em nosso presente constante, o melhor que podemos fazer é procurar fazer sempre o bem para as pessoas que estão conosco nessa viagem. Porque aquilo que ofertamos aos outros é o que receberemos de volta. Se damos Amor, receberemos o Amor na mesma medida. Se ofertarmos Medo e Ódio, pode demorar um pouco, mas toda carga negativa que tão generosamente entregamos aos nossos semelhantes a nós retornará… não há como escapar da Lei do Retorno…
Então, tudo que posso dizer é… seja a melhor verão de si mesma, se doe para aqueles que estão a sua volta. Pois o Amor retornará até você. E seguindo esse caminho, seu presente será sempre feliz, sua caminhada estará repleta do perfume das flores do Jardim do Infinito, destino que todos nós desejamos alcançar…
Viva seu presente sempre com Alegria, com Amor… espalhe a Felicidade ao seu redor. Você está presa no Tempo e não há como escapar dessa gaiola, não ao menos nesse plano. E ninguém pode nos garantir que do outro lado será diferente, não é mesmo?…