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Euforia e tristeza profunda marcam transtorno bipolar

Foto/Reprodução

Sabe aquele colega de trabalho que está triste de manhã e alegre à tarde? Muita gente diz que ele é ‘bipolar’. Porém, a verdade nem sempre está tão evidente. Isso porque, de acordo com o DSM-V, considerada ‘bíblia da Psiquiatria’, para que o paciente seja diagnosticado com o Transtorno Bipolar, é preciso que ele permaneça em estado de depressão ou euforia por um período mais prolongado de tempo, que ultrapassa semanas.

“Está um pouco na moda falar de bipolaridade. Todo mundo tem ‘bipolaridade’. Não faz muito sentido, porque é uma doença grave, seja pelos episódios de depressão, muitas vezes com riscos de suicídio, como pelos episódios de mania”, alerta o psiquiatra Mario Louzã, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, na Alemanha.

O Dia Mundial do Transtorno Bipolar é lembrado em 30 de março, mesma data de nascimento do pintor Vicent Van Gogh, diagnosticado com a doença.

Alguns comportamentos são típicos de pacientes com Transtorno Bipolar. Na fase da depressão, o indivíduo não tem ânimo para fazer nada, inclusive atividades básicas de cuidados pessoais.

No estágio de euforia, a pessoa tem pensamento acelerado, acaba fazendo gastos excessivos nas compras, pode fechar maus negócios justamente por achar que é uma pessoa especial, tem mania de grandeza. “Então, não é uma coisa tão trivial para comparar uma bipolaridade. É muito diferente de dizer que uma pessoa tem bipolaridade por estar apenas triste ou alegre”, ressalta o psiquiatra Mario Louzã.

O que desencadeia o Transtorno Bipolar?
As causas do transtorno ainda não são bem conhecidas. “A gente sabe que predisposição genética é importante, embora não aconteça em todos os pacientes. Além disso, fatores ambientais ligados ao estresse e uso de drogas costumam ser desencadeantes. A pessoa já tem uma predisposição física, corporal e, tendo essa vulnerabilidade, pode aparecer um episódio de mania ou depressão”, como explica Mario Louzã.

Sintomas de depressão
Se sentir triste apenas não é suficiente para diagnosticar Transtorno Bipolar. Para que a pessoa esteja em episódio depressivo, a tristeza é profunda e os sintomas vão além, como explica o psiquiatra.

“O pensamento fica mais lento, as pessoas têm ideias pessimistas, ideias de culpa que não são verdadeiras, desânimo, apatia, desinteresse, falta de concentração, perda de apetite. O sono fica desorganizado e a pessoa acorda mais cedo que o habitual. O problema do episódio depressivo é o risco de suicídio. A pessoa pode ter ideia de que a vida não vale à pena, de que não tem mais esperança de melhorar, fazer algo de positivo para ela. Essa é uma emergência que precisa ser cuidada com presteza”.

Sintomas de mania
O paciente que está nessa fase da doença apresenta uma alegria excessiva, fora do normal. A pessoa tem uma sensação de felicidade intensa e ri desproporcionalmente para coisas que não são engraçadas.

Ideias de grandeza e pensar que é maior do que os outros também fazem parte dos comportamentos de quem tem bipolaridade. “A pessoa também tem pensamentos e atitudes aceleradas, quer fazer muitas coisas ao mesmo tempo, tem pouca necessidade de sono, dorme poucas horas e não tem sonolência diurna. Devido a essa sensação, até de irritabilidade, começa a fazer coisas erradas”, segundo Louzã.

Quem está em episódio maníaco tem tanta certeza de que é melhor do que os outros que se coloca em situações de risco. O paciente tem uma sensação de onipotência, que pode gastar mais dinheiro do que poderia gastar, por exemplo, ou comportamento sexual inadequado.

Tratamento do Transtorno Bipolar
O auxílio vai depender da fase do paciente. São episódios de mania alternados com depressão e muitas vezes o intervalo que a pessoa está em seu humor normal seja o período ideal de tratamento.

“Na fase de mania, o paciente é tratado com antipsicóticos e estabilizadores do humor para tentar controlar esse episódio. Para a depressão, usamos medicamentos que não são necessariamente antidepressivos, mas alguns associados aos estabilizadores do humor. O objetivo é evitar que a pessoa tenha uma recaída para depressão ou euforia”, na avaliação de Louzã.

Como devem agir os familiares
Assim como grande parte das doenças mentais, os familiares e amigos são imprescindíveis para a melhora no quadro do paciente com Transtorno Bipolar. Para o psiquiatra, a medida que a família vai entendendo a doença, pode colaborar com o tratamento: “Se perceberem que a pessoa está escapando para uma das fases, devem insistir que procure um psiquiatra para estabilizar o quadro. Fatores como o uso de droga e sono irregular (a pessoa dormir em horário muito diferente), podem desencadear um episódio bipolar”.

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