Talvez eu seja ansiosa — e talvez seja mesmo —, mas já faz alguns dias que ando pensando nos cenários que estão se desenhando para as eleições presidenciais do ano que vem. Pode parecer cedo, mas no Brasil tudo acontece antes da hora, inclusive as disputas políticas. E, convenhamos, é impossível não ficar de olho quando a briga pelo poder já começou nos bastidores, nos almoços discretos e nas entrevistas cuidadosamente calculadas.
Fico me perguntando: o que fará Lula? Qual será a estratégia para enfrentar mais uma eleição? E, principalmente, como vai se posicionar o famigerado centrão? Vai com Lula? Vai contra? Vai com quem estiver melhor nas pesquisas?
A verdade é que talvez já esteja na hora de Lula aparar as asinhas do centrão. Ao que tudo indica, esse bloco, que nunca foi confiável, não seguirá com ele no próximo ano. Os sinais estão por aí. Basta prestar atenção em figuras como Ciro Nogueira e Gilberto Kassab — dois nomes que, nos últimos tempos, têm dado declarações que mais parecem recados. Eles falam como quem já está preparando o terreno para pular do barco. Ou melhor, para tentar comandar o barco se o capitão parecer vulnerável.
Claro que tudo isso pode não passar de chantagem política. Uma forma antiga — e muito usada — de pressionar o governo por mais espaço, mais cargos, mais verbas. Mas é aí que mora o problema: ninguém pode confiar no que diz o centrão. Eles não têm palavra, não têm coerência, não têm ideologia. Não têm sequer vergonha de mudar de lado no meio do jogo. O centrão não tem projeto político, não tem projeto de país — o único projeto que os move é o poder. E, por isso mesmo, vão se movimentar para onde ele estiver. Não importa se é a esquerda, a direita ou o meio do caminho, desde que estejam no controle da chave do cofre.
É por isso que me preocupo. Porque o Brasil merece mais do que um governo refém. Merece mais do que alianças baseadas em conveniências temporárias. E porque, sim, talvez eu seja ansiosa — mas, definitivamente, não sou ingênua.
