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Fim da guerra e início de uma era de fé e esperança

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desembarcou em Tel Aviv nesta segunda-feira (13) para uma visita histórica, marcada por um discurso ao Knesset, o parlamento israelense, e pela primeira fase de um acordo de paz entre Israel e o Hamas.

No mesmo dia em que começaram as trocas de prisioneiros de guerra, Trump afirmou que “é o fim da guerra e o início de uma era de fé e esperança”, num pronunciamento acompanhado de aplausos e também de protestos isolados dentro do plenário.

Vinte reféns israelenses vivos foram libertados nesta manhã por militantes do Hamas, enquanto Israel iniciou a soltura de cerca de dois mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados a penas longas.

As trocas acontecem sob supervisão da Cruz Vermelha Internacional e fazem parte da primeira fase do plano de paz proposto por Trump, anunciado em setembro. O acordo prevê também uma retirada parcial das tropas israelenses para posições pré-definidas dentro da Faixa de Gaza e o início de um programa de reconstrução internacional da região.

“Os céus estão calmos, as armas silenciosas, as sirenes pararam. Agora é tempo de traduzir essas vitórias em paz e prosperidade para toda a região.” Trecho do discurso de Donald Trump, no Knesset.

Durante o discurso, dois parlamentares da oposição exibiram cartazes com os dizeres “Recognize Palestine / Genocide” e foram retirados da sessão por seguranças. O episódio não impediu Trump de continuar, defendendo que “os povos de Israel e da Palestina merecem viver lado a lado, com segurança e dignidade”.

O novo plano de paz surge após dois anos de guerra devastadora iniciada em outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel, matando mais de 1.200 pessoas e sequestrando centenas de civis.

A resposta israelense resultou em dezenas de milhares de mortos em Gaza e uma destruição sem precedentes na região. Várias tentativas de cessar-fogo fracassaram ao longo do tempo, até que Egito, Qatar e ONU conseguiram reabrir canais de diálogo sob mediação direta de Washington.

Em 29 de setembro, Trump apresentou um plano de 20 pontos, que previa cessar-fogo imediato, liberação de reféns e prisioneiros, retirada escalonada de tropas israelenses e a criação de um fundo internacional para reconstrução e segurança de Gaza.

Especialistas e diplomatas internacionais alertam que o acordo ainda é parcial e precisa de garantias concretas para se consolidar como paz duradoura.

Entre os desafios citados estão:

a governança de Gaza e o futuro político do Hamas;

o reconhecimento mútuo entre Israel e Palestina;

a reconstrução humanitária da região devastada;

e a necessidade de fiscalização internacional contínua.

Embora a retórica de Trump evoque um “novo amanhecer no Oriente Médio”, analistas lembram que vários acordos anteriores ruíram por falta de confiança entre as partes.

Líderes de países árabes saudaram o cessar-fogo, mas pediram compromissos claros de reconstrução e garantias humanitárias para os civis de Gaza.

A União Europeia classificou o acordo como “um avanço histórico que deve ser consolidado com prudência”, enquanto a ONU afirmou que “a paz só será plena quando vier acompanhada de justiça”.

Nos Estados Unidos, o discurso de Trump também dividiu opiniões: apoiadores celebram um feito diplomático inédito, enquanto críticos o acusam de buscar capital político em meio ao cenário eleitoral americano.

Próximos passos
Após o discurso em Jerusalém, Trump seguiu para o Egito, onde participará de uma Cúpula de Paz em Sharm El-Sheikh ao lado do presidente Abdel Fattah al-Sisi e de outros líderes regionais.

A expectativa é de que a reunião defina as etapas seguintes do acordo, incluindo a formação de uma força internacional de monitoramento e o início da reconstrução de Gaza.

O cessar-fogo entre Israel e Hamas representa o momento mais promissor desde o início do conflito.

Mas transformar a trégua em paz verdadeira exigirá muito mais do que discursos inspiradores: precisará de confiança, reconstrução e compromissos duradouros — elementos raros em um Oriente Médio que, há décadas, vive entre promessas e ruínas.

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