No alto da casa, onde o tempo se cala,
vivem flores que não tocam o sol.
Presas em sombras, em véus de mentira,
crescem em silêncio, sem riso, sem farol.
Pétalas pálidas, cor de saudade,
sonham com campos que nunca viram.
Entre tábuas frias e janelas fechadas,
seus perfumes choram, seus galhos suspiram.
Infância roubada, amor proibido,
raízes que lutam contra o esquecimento.
Cada flor carrega um grito contido,
um segredo enterrado no cimento.
Mas mesmo no sótão, onde tudo é dor,
há beleza que insiste em florescer.
Porque até no cárcere mais cruel,
a esperança encontra jeito de viver.
