Notibras

Fraterno, materno, carnal… cada uma à sua hora e modo

Maíra Jara

Sentados à mesa, meu pai e minha mãe tomavam café e conversavam. Discutiam sobre diversos assuntos, e entre cada um deles, trocavam olhares e carinhos. Me juntei à eles, não para discutir as mesmas questões, apenas para observá-los. Meus olhos iam de um lado para o outro, reparando em cada ação deles, em cada gesto.

Aí percebo a viagem que fazia em minha mente. A maioria das pessoas gosta de falar do tamanho do amor que os pais sentem pelos filhos, mas poucos percebem o contrário, e não tiro a razão desses muitos outros.

Nós, filhos, não temos o hábito de demonstrar aquilo que sentimos, principalmente por nossos pais, talvez porque perdemos o costume que as outras gerações tinham. Que ironia da vida não é? Esquecemos de manifestar amor para aqueles a quem mais deveríamos. Para aqueles que desde que nos viram pela primeira vez, nos dão e nos provam um amor inigualável; que são capazes de tudo para curar nossa doença ou satisfazer nossos caprichos.

Você já parou pra pensar na importância deles para você? Já pensou o quanto deveria agradecê-los?

Mãe, que criatura maravilhosa! Mesmo a tendo feito engordar quilos e mais quilos, consegue dizer que esta foi a melhor sensação da vida dela. Aquela que esquenta o nosso leite pela manhã e nos aquece com um abraço a cada boa noite. Ela que diz mil vezes para levarmos um casaco, mesmo estando o maior sol lá fora. Sabe aquela história de praga de mãe? Bom, pelo menos pra mim, ela existe! Porque, no final, sempre vamos precisar daquilo que ela tanto nos lembrou antes de sairmos.

Nosso pai, o herói gigantesco! Aquele que não deixa transparecer os tantos problemas que a vida o impõe. Quando crescemos, entendemos que nem sempre a vida é fácil e que a inocência de criança é quem cria esta imagem de maré mansa, porém isto não muda o heroísmo dos mesmos. Nosso orgulho por eles aumenta a cada barreira que atravessam. Tenho certeza que, se cada filho tivesse metade da coragem de seus pais, seríamos pessoas melhores.

Apesar de serem completamente diferentes, em uma coisa eles concordam: o amor que sentem por nós. Que coisa de louco, que forma de amar mais incrível! Cada decisão que eles tomam, estamos sempre em primeiro lugar; cada atitude que realizam, fazem por nós; cada minuto livre, pensam em seus filhos.

Acabei rodando e caindo naquilo que já havia dito, todos percebem o amor deles por nós, mas poucos percebem o nosso por eles. Será? Acredito que a forma de amar dos filhos também é esta coisa louca, meio sem sentido, mas completamente verdadeira e intensa.

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