Notibras

Gostoso para uma mãe é chorar no chuveiro, onde as lágrimas se dispersam

Às vezes pode não parecer, mas mãe também chora. A gente se acostuma a achar que mãe é sempre forte, que mãe aguenta tudo, que mãe resolve. Mas mãe chora. Às vezes não dá tempo, é verdade, mas quando dá, mãe chora. Às vezes é no banho, a água do chuveiro disfarça o choro da mãe. Mãe chora deitada no escuro, no silêncio da madrugada quando a casa toda finalmente dorme. Mãe chora baixinho pra não acordar ninguém.

Às vezes as pessoas esquecem, mas mãe também chora. Nem sempre é visível, nem sempre é permitido. Às vezes não há tempo, nem espaço. Mas quando há, mãe chora. Chora de saudade, do filho que cresce rápido demais, da vida que mudou de repente, de si mesma antes de tudo isso. Mãe chora porque se sente culpada por sentir saudade do tempo que não era mãe.

Mãe chora porque às vezes sente falta dela mesma. Da mulher que existia antes de ser mãe, da leveza de não ter tantas responsabilidades nas costas.

Mãe chora porque sente culpa por se cansar. Porque às vezes quer sumir por uns minutos, mas não pode. Porque sente que erra, mesmo tentando acertar. Porque o amor é tão grande que assusta. Mãe chora quando escuta um choro que não consegue consolar. Quando vê uma febre que não cede. Quando se sente invisível, mesmo estando sempre presente.

Mãe chora quando se sente sozinha, porque nem sempre o mundo vê suas dores, porque às vezes tudo parece grande demais, pesado demais. Mãe chora de alegria também, quando o filho dá aquele abraço apertado, quando diz “eu te amo” do nada, quando a surpreende com um gesto simples que parece dizer que tudo valeu a pena. Mãe chora porque ama demais e porque amar tanto assim às vezes dói. E no fundo, o choro da mãe é um jeito de seguir em frente, de aliviar o peito e de encontrar forças pra ser mãe outra vez, no dia seguinte.

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