Gregório de Matos Guerra, nascido no dia 23 de dezembro de 1636 e falecido em 26 de novembro de 1696, conhecido como “Boca do Inferno” ou “Boca de Brasa”, foi um poeta brasileiro do período colonial, considerado um dos maiores expoentes do Barroco em língua portuguesa e o mais importante poeta satírico do Brasil colonial. Apesar de sua fama e importância, sua obra não foi publicada em vida, e seus poemas circularam de forma escrita e oral, o que contribuiu para a sua fama de transgressor e crítico mordaz.
Baiano de Salvador, Gregório foi advogado e poeta. Poeta barroco por sinal, cuja linguagem reflete a linguagem e os tempos então em voga. Aliás, a primeira grande voz da poesia brasileira e, para muitos, o primeiro criador de uma literatura genuinamente nacional. E não seria exagero afirmar que ele foi o precursor da dimensão antropofágica da nossa cultura, que, já no início do século XX, foi teorizada por Oswald de Andrade e, já nos anos 1960, serviu de base para a Tropicália.
Como os de sua época, Gregório recebeu forte influência da tradição portuguesa e espanhola, mas jamais deixou de ser inventivo e original. Foi ele também que introduziu a linguagem coloquial, popular, a dita linguagem das ruas, na poesia brasileira.
Gregório enfrentou críticas severas, pois não perdoava ninguém com as denúncias que fazia sobre desmandos sociais, políticos e econômicos, além de expressar poeticamente o erotismo, a sensualidade. Não dá para falar desse gênio literário sem destacar a grande qualidade artística e incontestável beleza, cuja obra possui múltiplas faces, todas definitivamente inesquecíveis e, por conseguinte, antológicas: a poesia lírica, a poesia satírica, a poesia filosófica, a poesia religiosa, a poesia pornográfica e a poesia encomiástica.
É certo também dar um título mais do que merecido ao precursor da literatura brasileira, o de maior satírico da nossa história. Curioso é que, enquanto viveu, com já dito acima, sua obra permaneceu inédita, mesmo que, ao longo dos séculos, vem sendo publicada e republicada.
Fico imaginando Gregório de Matos Guerra vivendo em nossos tempos. Não resta dúvida de que o poeta teria vasto material, ainda mais por conta do atual Congresso Nacional que, infelizmente, nós temos que aturar.
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Cassiano Condé, 82, gaúcho, deixou de teclar reportagens nas redações por onde passou. Agora finca os pés nas areias da Praia do Cassino, em Rio Grande, onde extrai pérolas que se transformam em crônicas.
