Já parou para pensar na diferença entre grupo e bolha? Que tal acompanhar o traçado de algumas imagens de comunicações on LINE recorrentes?
MENSAGENS DE AMOR ALTAJUDA
Bom dia, boa tarde, boa noite para você que tanto labuta! Esta é mais uma das MENSAGENS DE AMOR ALTAJUDA.
Você viu meu perfil?
Sou bondosa, formosa, sestrosa.
Sou pessoa engajada e rápida:
Sempre que recebo algo legal corro pra
“copiar e colar”.
Confio totalmente nos amigos do zapezape
Consumo tudo o que indicam
Inclusive candidato em eleição
Desculpa aí, mas não uso pontuação
Esta foi mais uma linda mensagem da amiga subscrita,
ALTAJUDA.
RESPOSTA DE NAROSABETUDO
Altajuda, busco pessoas assim,
Que procuram informações altamente seguras,
Quero te convidar
Ao meu perfil acessar
Vamos nos dar bem
Tenho muito a desinformar
Fake News
Estórias mirabolantes
Desvios de verba e atenção
Quantas coisas podemos compartilhar
E um mundo ilusório propagar
NAROSABETUDO
Se quiser refletir sobre como o binômio bolha e grupo permeia o processo de ensinagem, envolva- se no relato de um professor:
Caros alunos,
quando eu era mais ingênuo, achava que propor algumas regras de conduta no grupo do WhatsApp da turma garantiria uma interação grupal pacífica. Ledo engano. Lembro de que tinha um aluno que mesmo ciente dessas regras vivia enviando mensagens de “bom dia com sabor de auto ajuda”.
Um dia resolvi chamar a atenção dele para não fazer aquilo e tivemos a primeira baixa no grupo.
Lembro-me ainda de um fato mais alarmante: mesmo tendo sido acordado no grupo não postar tópicos de cunho político, um aluno ameaçou todos os participantes de esquerda! Só não fiz uma denúncia para a secretaria do curso porque fiquei me borrando de medo do tal sujeito.
Anos se passaram, muita água rolou, fios de cabelos brancos surgiram e aí pensei: não vou impor regra alguma.
Tudo ia indo bem até que alguém resolveu exigir que as postagens sobre participações nas manifestações contra a PEC da bandidagem fossem retiradas.
Admito que naquele dia apoiei a permanência das fotos nas manifestações, e não deu outra: a pessoa saiu do grupo.
Então, depois de lembrar desses ocorridos, vou deixar em aberto para o grupo pensar sobre esse tema a partir do meu relato.
Aguardo exposições de fatos ou de visões. Pensem a respeito do que é decidir em grupo.
O Binômio grupo e bolha
No contexto de comunicação, “grupo” e “bolha” têm significados diferentes.
“Grupo” geralmente se refere a um conjunto de pessoas com interesses ou características comuns.
“Bolha” descreve um ambiente social ou online onde as pessoas tendem a interagir apenas com outras que compartilham opiniões ou visões de mundo semelhantes. Alguns buscam a bolha para se proteger da diversidade.
Dentro da bolha, as pessoas tendem a ter uma visão limitada do mundo, pois são expostas a informações e opiniões que reforçam suas crenças. Isso pode levar à polarização e à rejeição de indivíduos que sinalizam para perspectivas diferentes.
Bolhas sociais dizem respeito a grupos que se isolam, e bolhas políticas a visões e comportamentos extremos que podem até comprometer a paz.
As bolhas de filtro ou algoritmos que selecionam o que vemos online podem causar riscos tanto no plano individual como no coletivo. No primeiro, temos o estresse por excesso de exposição. Já o segundo pode levar a população a uma espécie de realidade paralela que induz pessoas a atos extremos como atentar contra o estado de direito.
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ALBERTO GONÇALVES é professor de cursos sobre história da música popular no Brasil. Licenciado em Letras Inglês e mestre em Linguística pela UFSC, é um dos autores do livro “Oficina da Canção: do maxixe ao samba-canção; a primeira metade do século XX” (Ed. Appris, 2019) e coorganizou a coletânea “Estudos sobre a Música Popular: aproximações de escuta” (Ed. Udesc, 2017).
EDNA DOMENICA é autora de Aquecendo a produção na sala de aula (Nativa, 2001), Cora, coração (Nova Letra, 2011), A volta do contador de histórias (Nova Letra, 2011), No ano do dragão (Postmix, 2012), De que são feitas as histórias ( Postmix, 2014), Relógio de Memórias – cartas de uma artesã da escrita (Postmix, 2017), As Marias de San Gennaro (Insular, 2019), O Setênio (Tão Livros Editora, 2024).
TAÍS PALHARES participou do Café Literário Notibras com os textos solos: “Ensaio para Plínio Marcos” e “Caminhos da vida”; e nos coletivos: “Daqueles tempos distantes como “Baby, eu sei que é assim” “, “Do interior para a senzala da cidade… e um bebê do patrão”, “Conserta-se discos voadores”, “Do que você gosta? – Quem vive sem gostar sabe sabor do desgostar”, “Algoritmos de sangue – Ébrio, sóbrio, louco? Oco, revelo-me desfilando o sonambulismo.
