Li, certa vez, que as mulheres não costumam ter hobbies. E não é porque não queiram, mas porque a vida insiste em roubar o tempo delas com a administração de tudo: da casa, do trabalho, dos filhos, da rotina que nunca dá trégua. Fiquei pensando nisso e percebi que há mesmo alguma verdade. É duro admitir, mas a gente se acostuma a abrir mão do prazer em nome da obrigação.
No entanto, eu insisto em guardar comigo um pedaço de respiro. O meu pequeno refúgio tem nome e cor: Palmeiras. Entre as correrias do dia, faço questão de reservar esse instante que é só meu. Não é apenas lazer, é uma necessidade. Preciso ver o meu time em campo, preciso ver o meu Palmeiras.
Quando a bola rola, algo dentro de mim se ajeita. O coração dispara, a alma se aquieta, e por noventa minutos esqueço a pressa, a lista de tarefas, os pesos invisíveis que me acompanham. Vibro, sofro, comemoro, mas, acima de tudo, vivo. E viver, afinal, é também permitir esses instantes de alegria sem culpa, sem pressa, sem cobranças.
Porque, no fim das contas, cada gol que vejo não é só do Palmeiras. É também meu. É a lembrança de que eu mereço sentir prazer, mereço me distrair, mereço ter um hobby. Mesmo que seja apenas o simples e imenso ato de assistir ao meu time jogar.
