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Humanidade sangra vendo batalha pelo poder entre os líderes mundiais

Acompanhei até o final da noite de ontem os ataques do Irã a Israel, no que provavelmente já pode ser considerado o pior ataque da história israelense. As redes sociais foram inundadas por imagens dramáticas: bombardeios em Tel Aviv, prédios desabando, carros em chamas, casas destruídas. É, no mínimo, perturbador assistir a essas cenas. Assustador, sobretudo, pela constatação de que não há lugar realmente seguro quando a guerra se instala.

Nos últimos meses, o mundo inteiro se habituou — ou talvez tenha se anestesiado — com imagens semelhantes vindas de Gaza. Prédios reduzidos a escombros, famílias inteiras soterradas, crianças ensanguentadas nos braços de socorristas, vidas civis aniquiladas em nome de disputas que transcendem qualquer racionalidade. Agora, Tel Aviv vive, ainda que de forma distinta e com recursos de defesa mais robustos, o que o povo palestino tem experimentado incessantemente nos últimos 20 meses: o medo constante, a insegurança, o pavor de não saber se o próximo míssil cairá sobre o seu teto.

O que ocorreu nesta noite não pode ser lido como simples vingança. Seria raso, e até cínico, interpretar os acontecimentos apenas sob essa ótica. O que o Irã fez, gostemos ou não, é também um recado: uma demonstração de força e resistência, uma tentativa brutal de ensinar aos que se acreditam intocáveis o custo de sua própria violência. É uma lição amarga — o terror de um lado é espelhado pelo terror do outro.

No entanto, mesmo diante de todas as análises geopolíticas e militares possíveis, não posso deixar de lamentar profundamente a morte de inocentes — em Tel Aviv, em Gaza, em qualquer lugar. As crianças que dormiam, os civis que apenas tentavam sobreviver à rotina, as famílias que terão de enterrar seus mortos. A guerra, em qualquer idioma, em qualquer fronteira, sempre cobra um preço alto demais daqueles que não a escolheram.

O ciclo de violência não educa para a paz. Apenas perpetua a barbárie. Enquanto líderes e governos travam batalhas de poder, a humanidade sangra.

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