Mais de cem mortes por fome, sendo 81 crianças, na Faixa de Gaza. A notícia rasga o tecido moral da humanidade. A ONU chama de “fome induzida pelo homem”. Naomi Klein chamaria de “Doutrina do Choque”: a desorganização da vida como ferramenta de dominação.
A antropologia da guerra, a exemplo de Nancy Scheper-Hughes, nos alerta que o corpo das crianças é o campo onde se inscrevem os fracassos da política internacional. Gaza não é apenas uma crise humanitária: é o espelho da falência ética de um sistema internacional que naturaliza o genocídio.
Judith Butler, ao falar das vidas precárias, nos lembra que certas mortes não comovem porque certas vidas não são consideradas vivíveis. A fome em Gaza denuncia o apartheid global. E cala. Porque, no fundo, todo o mundo já sabe e mesmo assim não age.
