Não, não se troca o pulsar de um coração por outro.
Amar é ofertar-se inteiro,
como rio que se entrega ao oceano
sem esperar retorno, apenas fusão.
A dor nasce quando o sentimento,
feito de estrelas e promessas,
é tratado como passatempo,
como vela acesa apenas para iluminar
os próprios desejos.
Ele parte, como embarcação sem bússola,
navegando em mares que não reconhecem
a profundidade do que foi doado.
E ali, entre correntes frias e abismos,
se perde não por falta de amor,
mas por não saber o que é ser amado.
Não, não muda.
O que permanece é o amor genuíno
de quem ofertou cada gesto como semente,
de quem construiu pontes sobre silêncios
e esperou, mesmo sem garantias.
Ah, se a verdade tivesse morada no mundo,
se os gestos fossem espelhos da alma,
o fio invisível que une dois corações
não se romperia com o tempo,
nem se confundiria com ilusões.
Esse fio feito de luz e memória
atravessa distâncias,
não precisa de toque para existir,
pois vive no espaço entre dois suspiros,
na certeza de que almas que se reconhecem
jamais se perdem.
Mesmo que o corpo não alcance,
mesmo que o tempo se desfaça,
o amor verdadeiro não se apaga,
não se substitui,
não se esquece.
Ele é como o vento que conhece o mar:
invisível, mas eterno.
Presente, mesmo quando não se vê.
E as almas que se amaram com verdade
permanecem unidas,
não por convenção,
mas por destino.
