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INTELIGÊNCIA SUPERFICIAL

“Alçamos voos concretos, leves, infinitos / Aprendemos com as dores a resistir / Mas com o amor, aprendemos que uns nascem com as asas / Outros apenas com as penas / Isto define a qualidade do voo”

Bem vindo ao século XXI, a Era do virtual.
Aqui o sexo é livre e o amor se tornou um bolso cheio de notas.
Onde perder o celular é pior do que perder os teus valores.
Onde a moda é fumar e beber, e se não fizer isso, você está obsoleto.
Onde o banheiro se tornou estúdio para fotos e a igreja, o lugar perfeito para check in com a ilusão.

Século XXI, onde homens e mulheres temem uma gravidez muito mais que HIV.
Onde o serviço de entrega de pizza chega mais rápido do que a ambulância.
Onde as pessoas morrem de medo de terroristas e criminosos muito mais do que temem o desamor.
Onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo família.

Século XXI, onde as crianças são capazes de desistir dos seus pais pelo seu amor virtual.
Onde os pais esquecem-se de reunir os fraternos ao redor da mesa para um jantar harmonioso conversando sobre o dia a dia, pois estão entretidos no seu trabalho ou celular.
Onde homens e mulheres, muitas vezes, só querem relacionamentos sem obrigações e seu único “compromisso” é posar para fotos e postar nas redes sociais jurando amor eterno.
Onde o viver virou domínio público sem rosto, forma e alma.
Onde o mais popular ou o mais seguido com mais curtidas em fotos e mensagem vazias é aquele que aparenta esbanjar felicidade; aquele que posta fotos em lugares legais e badalados.
Onde as pessoas se esqueceram de cuidar do espírito, do vazio da matéria e resolveram cuidar e cultuar os seus próprios corpos.
Onde vale mais uma lipoaspiração para ter o corpo desejado do “mundo artístico” do que o conhecimento prático de viver.
Onde uma foto na academia tem muito mais “curtidas” do que uma foto estudando ou praticando boas ações.

Século XXI, a Era da Inteligência Superficial.
Onde você só sobrevive se jogar com a “razão virtual” e é destruído se agir com a tua emoção, intuição e o teu coração.

DEU NO POSTE DA INTERNET…

Das mãos que modelam as carícias / Do pano de prato e VAPT! / Do olho que a alma guarda / Do tempo que tudo invade / Das mãos, do olho, do pano / Da alma do tempo…
E… VUPT!

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Gilberto Motta é escritor, jornalista e professor/pesquisador das palavras, sons e da Inteligência Artificial num mundo perdido no virtual. Vive na Guarda do Embaú, pequena comunidade de pescadores no litoral Sul de SC.

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