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Júlio César entregou bando que ‘lavou’ Mané Garrincha

Júlio César, presidente da Terracap, estaria, segundo ex-diretor, atropelando a legislação. Foto/Arquivo Notibras

Marta Nobre e José Seabra

A operação da Polícia Federal que levou para a prisão nesta terça-feira, 23, proeminentes figuras políticas de Brasília, começou a ser desenhada em meados de abril, quando Júlio César Reis, presidente da Terracap, foi intimado a prestar informações sobre os gastos daquela empresa com a construção do estádio Mané Garrincha.

O depoimento de Júlio César foi cercado de sigilo, dada a natureza das investigações. Na estatal, sabe-se que ele citou, nominalmente, José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz, ex-governadores presos, além de Tadeu Filippelli, ex-vice-governador e hoje assessor de Michel Temer, também recolhido a uma cela da Polícia Federal.

Júlio César cercou-se de muitos documentos, principalmente as faturas emitidas por grandes construtoras, a exemplo da Andrade Gutierrez e Via Engenharia, totalizando mais de 1 bilhão e 300 milhões de reais. O presidente da Terracap também teria dito, nesse depoimento, que caberia uma investigação sobre outros suspeitos, como Cláudio Monteiro, Luiz Carlos Alcoforado e Maruska Lima de Souza Holanda.

As prisões ocorridas nas primeiras horas do dia “estão apavorando” alguns detentores de mandato eletivo. É que o custo da transformação da Terracap em Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal – permitindo à estatal de terras um horizonte maior de operações – foi embutido nos custos da obra, segundo depoimentos colhidos por Notibras.

– Muitos artífices da criação estão apavorados, inclusive partidários de um dos ex-mandatários presos, revelou uma autoridade que atua na área de acompanhamento e investigação dos gastos públicos.

Veja lista dos presos:

– José Roberto Arruda (ex-governador de Brasília)
– Agnelo Queiroz (ex-governador de Brasília)
– Tadeu Filippelli (ex-vice governador de Brasília)
– Maruska Lima (ex-presidente da Terracap)
– Nilson Martorelli (ex-presidente da Novacap)
– José Luiz Salomão (intermediário de Agnelo)
– Sérgio Lúcio Silva de Andrade (interlocutor de Arruda)
– Francisco Cláudio Monteiro (ex-secretário da Copa)
– Fernando Márcio Queiroz (dono da Via Engenharia)
– Afrânio Roberto de Souza Filho (operador financeiro)

Conduções coercitivas:

– José Wellington Medeiros de Araújo (ex-desembargador do TJDFT)
– Alberto Nolli Teixeira (diretor de construção da Via Engenharia)
– Luiz Carlos Barreto de Oliveira Alcoforado (advogado de Agnelo Queiroz)

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